

Paulo Baldaia
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Que pena não haver vacinas contra campanhas
Por certo ouviu nos últimos dias o governo congratular-se com os fantásticos resultados da economia. Crescimento acima da média, inflação a descer, défice tão baixo que até permitiu a um membro do Executivo garantir ao Expresso da semana passada que dava para andar três anos em campanha. Com o nosso dinheiro, quem quer que esteja no poder, está sempre a pensar em festas.

Vai dar asneira da grossa
"Agora é a nossa vez" entra diretamente para o pódio das piores frases políticas do século XXI. Estará, muito provavelmente, entre as piores frases políticas desde que a democracia nasceu na Grécia, em 500 Antes de Cristo, mas por falta de tempo para fazer uma pesquisa exaustiva, prefiro não ser perentório nesta afirmação. Fiquemos pelo século XXI.

Quem estará a mentir?
A forma confrangedora como o ministro João Galamba pareceu procurar no baú das memórias a informação que lhe permitia dizer a verdade sobre o seu envolvimento no episódio do SIS na recuperação do computador é reveladora do buraco onde o governo se meteu ao usar as secretas a seu belo prazer. "Não me... não me recordo, senhor deputado. He... aliás... não...não me recordo".

Um deputado Seguro e os outros
A Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP tem sido muito importante por revelar uma forma do poder político lidar com as empresas públicas que não pode de todo ser aceitável. A lista de pecados é infindável e inclui indemnizações milionárias, negócios com familiares e amigos, tentativas de desvio de aviões, audições parlamentares combinadas...

Não sei se ria, se chore. Em todo o caso, vou-vos contar
Ao mesmo tempo que a ministra da Presidência jurava a pés juntos que o governo tudo faz para se dar bem, muito bem mesmo, com o Presidente da República, o jornal Público trazia até nós o sentimento das mulheres e dos homens que se sentam no Conselho de Ministros e que estavam - passo a citar - "fartos dos ralhetes de Marcelo". Segundo aqueles relatos, com o governo não há problema nenhum, volto a citar, há "um espírito genuinamente muito bom".
Nova citação: elas e eles estavam "todos com bom ânimo nas reuniões e nas iniciativas".

Ideologia para combater o fanatismo
Não podemos olhar para o que o Chega fez no Parlamento, na receção ao Presidente brasileiro, como uma coisa indigna e depois encolher os ombros, defender que o melhor teria sido não fazer nada, deixar os deseducados na pateada, entregues à sua própria estupidez, sem os repreender. Quanta cumplicidade cabe no silêncio? Quantas vezes temos de lembrar que para que o mal triunfe basta que o bem nada faça?

Justa causa e perna curta
A Comissão de Inquérito à gestão da TAP continua a ser muito complicada para o governo. A oposição não tem dado descanso a Fernando Medina e o ministro das Finanças é o centro da mais recente polémica. Ao assumir a tutela política do dossiê, Medina colocou-se no centro do furacão.

PS contra PS
António Costa acabará por ter de tentar evitar que o Partido Socialista seja o carrasco do Partido Socialista, mas caminha em gelo tão fino que nem uma maioria absoluta é seguro contra todos os riscos. Se o guião se mantiver como até aqui, o mais provável é que ânsia de destruir politicamente Pedro Nuno Santos torne impossível retirar dos escombros o que sobrar da ala esquerda do PS. E PS sem esquerda não é PS, é outra coisa qualquer.
