A geração de ouro do futebol da Macedónia do Norte vista por portugueses

Luís Diogo Campos e Ljubinko Drulović trabalharam na seleção da Macedónia do Norte em 2015 e recordam o trabalho realizado no futebol daquele país ao longo dos últimos anos. Tomás Bozinoski admite o orgulho pelos feitos da seleção. Antes das vitórias sobre Itália ou Alemanha, ou da presença no Europeu de 2020, o trabalho com os mais jovens, e o "espírito de sacrifício" de quem sabe que tem poucas oportunidades para aproveitar.

O remate vitorioso de Alex Trajkovski diante da Itália prendeu o olhar de Tomás Bozinoski. Guarda-redes da União de Leiria, Tomás nasceu em Aveiro, mas é internacional sub-21 pela Macedónia do Norte. Aquele remate do pé direito de Trajkovski representa o sucesso de um caminho que o futebol daquele país, onde as seleções nacionais se habituaram a alimentar o espírito de sacrifício em busca de oportunidades para ferir os adversários.

"Tiveram de defender, não tinham bola. Mas com o passar do tempo foram ficando confortáveis. É verdade que tiveram sorte, mas essa sorte é conquistada", considera Tomás, filho do antigo jogador de Sporting, Paços de Ferreira ou Beira-Mar, Vlado Bozinoski.

Esta seleção, tal como as mais jovens da Macedónia do Norte, demonstra espírito de sacrifício, uma ideia coletiva das seleções que se assume que há de aproveitar da melhor forma as oportunidades para surpreender, indica Tomás Bozinoski. Símbolo da segurança defensiva, o guarda-redes Stole Dimitrievski (Rayo Vallecano) é uma das figuras da seleção e uma das referências de Tomás como guarda-redes.

"Dmitrievski oferece muita segurança entre os postes, mas esta é uma seleção com talento, jovem, com jogadores que do meio campo para a frente têm muita qualidade", resume o guardião da União de Leiria.

Sucesso que vem do trabalho com jovens

Antigo extremo de Futebol Clube do Porto, Benfica ou Gil Vicente, Ljubinko Drulović orientou a seleção principal da Macedónia do Norte em 2015. Nessa passagem pelo futebol macedónio, Drulović identifica uma linha de trabalho da federação que se estende a todos os escalões de formação. "Este é um trabalho de vários anos. Quando eu era selecionador da Macedónia, os sub-21 conseguiram o apuramento para o campeonato da Europa pela primeira vez. O treinador era o atual selecionador, Blagoja Milevski."

Drulović lembra os exemplos recentes de sucesso. "Conseguiram o apuramento para o campeonato da Europa, venceram a Alemanha no apuramento para o mundial, venceram agora a Itália. Já mostraram que podem surpreender, mesmo jogando na casa dos adversários."

Luís Diogo Campos era adjunto de Drulovic nessa passagem pela seleção da Macedónia. Para o treinador português, Stefan Ristovski é uma das vozes de comando da equipa, o capitão, mas também um dos jogadores com a missão de encontrar espaços para explorar o contra-ataque, enquanto lateral ofensivo. Mas há outros destaques individuais. "Bardhi joga em Espanha, tal como o guarda-redes, Dimitrievski (...) são jogadores com qualidade, mas, sobretudo, muito fortes como equipa".

Os jogadores deste país com dois milhões de habitantes "têm como maior arma o espírito de grupo, algo que é também cultural. Jogam a maior parte do tempo em organização defensiva, aproveitando o contra-ataque", explica o treinador português. "Portugal vai ter de assumir a iniciativa do jogo, mas terá de estar atenta às transições defensivas."

"Os macedónios vão estar num bloco defensivo bastante acentuado. Têm um médio defensivo com muita qualidade, [Arijan ]Ademi, jogador que trabalhamos, que serve de barómetro da equipa", anuncia Luís Diogo Campos. "Depois há Alioski, Ristovski, Trajkovski que levam a equipa para a frente. Não se projetam muitas vezes, mas, quando acontece, surgem sempre com grande qualidade."

E há também uma arma importante nas bolas paradas ofensivas, um dos melhores executantes da liga espanhola, Enis Bardhi, médio do Levante. "Quando apostam em esquemas táticos ou contra-ataques, procuram fazê-lo sempre com muita qualidade."

"A confiança vai estar a 200%. Com a confiança que têm, vão querer mais e mais. Portugal vai ter de estar em alerta. Esta atmosfera pode virar-se contra Portugal", avisa o técnico português, Luís Diogo Campos.

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