Um Hazard nunca vem só e Portugal está fora do Euro

Veja o golo. Belgas vão encontrar Itália nos quartos de final do Europeu.

Chame-se-lhe azar ou chame-se-lhe justiça, Hazard fez de um remate o fado de Portugal. O campeão europeu em título está fora do Euro 2020. Foi aos 42' que Thorgan, irmão de Eden, se encheu de fé e não deu hipóteses a Rui Patrício. Os belgas encontram agora a Itália nos quartos de final.

William Carvalho, Gonçalo Guedes e Rafa ficaram na bancada para este jogo por opção de Fernando Santos, que lançou Dalot e Palhinha no onze, ambos titulares pela primeira vez. Antes do apito inicial, nota para o gesto dos 22 jogadores, que colocaram um joelho no chão.

Foram precisos apenas cinco minutos para Portugal deixar um sério aviso à Bélgica. A pressão de Renato Sanches no meio-campo resultou da melhor forma, o médio português arrancou e lançou Diogo Jota que, pressionado por um defesa, rematou de pé esquerdo mas ao lado da baliza de Courtois.

A fórmula do meio-campo era, de resto, a mesma do último jogo, embora com Palhinha no lugar de Danilo: Renato Saches caía mais sobre a esquerda e saía primeiro na pressão, Moutinho pisava terrenos mais à direita e pensava o jogo com tempo e bola no pé.

Apesar da boa entrada, Portugal acabou por recuar no terreno, deixando que os três centrais belgas jogassem quase sobre a linha do meio-campo. Ronaldo saía na pressão quando a bola se aproximava, mas o meio-campo português acabava por deixar jogar, ao contrário do que tinha vindo a fazer.

Dalot, em estreia, acabava por beneficiar do jogo mais posicional de Moutinho para subir no corredor direito. Palhinha, no miolo, ia resistindo às investidas de Witsel e Tielemans.

Foi preciso esperar pelos 24 minutos para voltar a ver Portugal a criar perigo: Diogo Jota conquistou um livre direto sobre a meia-direita e Cristiano Ronaldo, na conversão, obrigou Courtois a ir ao chão. Perto da outra baliza, Lukaku - o homem-golo da Bélgica - perdia-se entre Pepe, Rúben Dias e Palhinha.

Mas o ponta de lança acabaria por demonstrar, aos 36', que estava lá, em campo, e pretendia fazer-se notar. João Moutinho bateu um livre a partir do corredor direito, a bola sobrou para a defesa belga e De Bruyne conseguiu descobrir Lukaku em velocidade. Palhinha bem fez tudo o que tentou - incluindo agarrar - mas não o conseguiu parar até surgir pelo menos mais um colega de equipa: isto, já à entrada da grande área portuguesa.

O que os belgas não esperariam é que Renato Sanches também soubesse jogar esse jogo: primeiro foi De Bruyne, depois foi Witsel a ficar pelo caminho, e por fim foi um passe a descobrir Bernardo Silva no outro corredor.

De pouco valeu: Lukaku voltou a ter demasiado espaço e segurou a bola tempo suficiente para ver mais belgas aproximarem-se da baliza de Rui Patrício. Thorgan Hazard acabou por aparecer, descaído sobre a esquerda, e rematou de longe, obrigando a bola a curvar de tal forma que enganou o guarda-redes luso. A Bélgica ia para o intervalo em vantagem.

No regresso dos balneários, nem Fernando Santos nem Roberto Martínez quiseram fazer alterações, mas na Bélgica teve mesmo de ser: De Bruyne saiu lesionado, depois de ter sido rasteirado por Palhinha na primeira parte, e entrou Mertens. Portugal entrava mal na segunda parte e Pepe surgia demasiadas vezes sozinho para quem tinha de controlar Lukaku.

Vistos dez minutos da segunda parte, Fernando Santos não esperou mais: Félix e Bruno Fernandes para os lugares de Bernardo Silva e João Moutinho. Portugal demoraria poucos minutos a, finalmente, voltar a criar perigo: Cristiano Ronaldo tirou três do caminho, combinou com Bruno Fernandes e entrou a Diogo Jota que, na marca do penálti, atirou por cima. E aos 60' voltou a haver perigo: Renato Sanches cruzou, Félix cabeceou. Mas com pouca força.

As alterações tinham obrigado Palhinha a descer no terreno, mas permitiam que Guerreiro e Dalot se assumissem como laterais muito mais ofensivos do que tinham sido na primeira parte. Por outro lado, Lukaku já não aparecia sozinho perante Pepe. Fernando Santos dava, entretanto, mais um passo em frente: lançava André Silva para o lugar de Jota.

Portugal continuava a lançar-se sobre os belgas. Cristiano Ronaldo teve, ao minuto 73', mais um livre direto - este em zona frontal e à distância "certa" da baliza - mas a bola acabaria por bater em Mertens. Pouco depois, Pepe parava Thorgan Hazard sem grandes preocupações: o jogo já estava parado e o defesa português mostrava estar a ficar sem paciência.

Fernando Santos jogava as últimas cartas: tirava Palhinha e Renato Sanches para fazer entrar Danilo e Sérgio Oliveira. Portugal passava a jogar com três defesas centrais. E foi precisamente por culpa de um deles que, aos 81', quase se gritou golo: Rúben Dias apareceu sem oposição após um pontapé de canto e cabeceou à figura de Courtois. Nem dois minutos depois, mais do mesmo: o poste negava o golo a Raphael Guerreiro.

Como diz a sabedoria popular, um azar nunca vem só e Thorgan Hazard tinha culpas no cartório, para desespero português.

A Bélgica, que tinha guardado as substituições para o final do jogo, começava a dança do banco: primeiro Eden Hazard, lesionado, por Carrasco. Pepe acabava o jogo a avançado: não a ponta de lança, mas sim um pouco por todo o lado. De nada valia: Portugal está fora.

Onze da Bélgica: Courtois, Alderweireld, Vermaelen, Vertonghen, Meunier, Witsel, Tielemans, Thorgan Hazard, De Bruyne, Lukaku e Eden Hazard

Onze de Portugal: Rui Patrício, Dalot, Pepe, Rúben Dias, Raphael Guerreiro, Palhinha, João Moutinho, Renato Sanches, Bernardo Silva, Diogo Jota e Cristiano Ronaldo

O jogo foi arbitrado pelo alemão Felix Brych, assistido pelos compatriotas Mark Borsch e Stefan Lupp. O videoárbitro foi o também alemão Marco Fritz.

Os belgas foram os vencedores do Grupo B da competição, com nove pontos, à frente de Dinamarca, Finlândia e Rússia, enquanto Portugal conseguiu apurar-se a partir do Grupo F como um dos melhores terceiros classificados, com quatro pontos.

Suplentes da Bélgica: Mignolet, Sels, Boyata, Ferreira-Carrasco, Mertens, Denayer, Dendoncker, Benteke, Batshuayi, Trossard, Doku e Praet

Suplentes de Portugal: Anthony Lopes e Rui Silva; Nélson Semedo, José Fonte, Nuno Mendes, Danilo, Rúben Neves, Pedro Gonçalves, Sérgio Oliveira, Bruno Fernandes, André Silva e João Félix

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