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Haller gosta de marcar golos, tanto que esta noite o fez nas duas balizas e pelas duas equipas. O ponta de lança costa-marfinense do Ajax, que já leva 29 golos em 29 jogos, foi figura de um 2-2 esta noite, na Luz, ao fazer um autogolo - já depois de Tadic ter marcado - e um golo para tentar redimir-se. Roman Yaremchuk tinha outras ideias: certificou-se de que o avançado só pode ter hipótese de respirar de alívio daqui a três semanas.
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Nesta noite de Champions, bastou um minuto de jogo. Antony pegou na bola, tirou a magia do bolso e avançou pela direita do ataque do Ajax. Weigl? Um túnel. Depois uma roleta. E viu-se à entrada da pequena área. O corte chegou mesmo no limite, mas o aviso já estava dado.
Os holandeses, comandados por Ten Hag, não chegavam à Luz para abdicar da sua filosofia. Se o brasileiro Antony tinha licença para espalhar o caos, lá estava Edson Álvarez para apagar qualquer possível fogo no meio-campo. Timber e Martínez, defesas centrais, trocavam a bola com o mesmo à vontade de sempre. Blind, do alto de uma carreira recheada, tanto parecia um terceiro central como um avançado interior. E Haller - 28 golos em outros tantos jogos - não estava em campo para dar descanso a Otamendi e Vertonghen.
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Nélson Veríssimo também não teve medo. Entrou em campo com dois avançados - Gonçalo Ramos e Darwin - um meio-campo que, apesar da segurança de Weigl, tinha a intensidade de Taarabt e a verticalidade de Rafa e Everton. Gilberto foi a opção, mais cautelosa, no lado direito da defesa.
Cautela. Foi precisamente o que faltou quando um passe mais arriscado de Vlachodimos traiu Grimaldo. Daí, foi fácil: Berghuis deu a Mazraoui, que foi à linha cruzar para Tadic. Sozinho na grande área, o sérvio nem facilitou e atirou de primeira ao ângulo.
Cabia ao Benfica responder, mas sem qualquer oportunidade de golo criada até aos 20 minutos, era preciso mudar algo. Everton ainda tentou dar o mote quando também conseguiu um túnel sobre Mazraoui. Rafa inspirou-se e, no outro corredor, levou Blind para dar uma volta até à linha de fundo. E correu bem.
O pontapé de canto sobra para Vertonghen, que aproveitou o seu pé esquerdo para ir à linha de fundo e cruzar rasteiro. Na pequena área, Haller fez o que tão bem sabe: golo, mas na própria baliza.
Ora, não foi preciso muito para se inverterem os papéis. O Ajax avançou pelo corredor esquerdo e um cruzamento descobriu Haller a fugir de Vertonghen. Desta vez, ganhou o costa-marfinense, que aproveitou uma escorregadela do defesa para rematar duas vezes: o primeiro foi defendido, o segundo deu golo. Já são 29 noutros tantos jogos.
Antes do intervalo podiam ter sido 30, mas perante uma baliza aberta, a bola traiu o ponta de lança. Antony também teve tempo para trair... Antony. O brasileiro teve o 3-1 nos pés em cima do intervalo, mas foi com tanta sede ao pote que nem viu Tadic, sozinho, ao seu lado na grande área.
A segunda parte começava na Luz com dois cartões amarelos para os dois avançados do Benfica: primeiro Darwin, depois Gonçalo Ramos, que travou um contra-ataque aos 48'. Com mais dificuldades para construir ataques na Luz, o Benfica via-se obrigado a defender com mais critério, mas Tadic e Gravenberch - mais uma joia da academia neerlandesa - tornavam-se cada vez mais perigosos sobre a esquerda.
Só que nem tudo podia correr sempre lindamente ao Ajax. Prova disso foi a perda de bola de Blind, aos 59', que permitiu a Rafa sair disparado em direção à baliza de Pasveer. Chegado à grande área, o português tentou cruzar para Darwin, mas o uruguaio chegou atrasado ao que quase de certeza seria o empate. Veríssimo optava então por mexer: saía Everton, entrava Yaremchuk.
O ucraniano teria o empate nos pés poucos minutos depois, mas Timber deu-lhe nega: a bola já tinha passado por Pasveer e rolava em direção à baliza quando o neerlandês apareceu. Mas o ucraniano tinha mesmo uma mensagem para entregar.
Gonçalo Ramos viu-se na meia-lua sozinho e desferiu um remate potentíssimo que Pasveer ainda defendeu, mas não resolveu. Yaremchuk aproveitou a deixa para surpreender a defesa do Ajax e cabecear para a baliza deserta. No festejo, debaixo da camisola do Benfica, estava uma t-shirt preta de apoio à Ucrânia.
O jogo não acabava sem uma troca de "mimos": Antony e Darwin desentenderam-se junto à linha lateral, encostaram cabeças, o uruguaio foi ao chão e, minutos depois, resolviam tudo com vários abraços.
Onze do Benfica: Vlachodimos, Gilberto, Otamendi, Vertonghen, Grimaldo; Rafa, Weigl, Taarabt, Everton; Gonçalo Ramos e Darwin
Onze do Ajax: Pasveer; Mazraoui, Timber, Martínez, Blind; Edson Álvarez e Gravenberch; Berghuis, Antony, Haller, Tadić
Suplentes do Benfica: Helton Leite, Meité, Yaremchuk, Diogo Gonçalves, João Mário, Lázaro, Radonjic, Gil Dias, Paulo Bernardo, Tomás Araújo, Morato
Suplentes do Ajax: Gorter, Onana, Schuurs, Klaassen, Danilo Pereira, Debyne Rensch, Mohammed Kudus, Keneth Taylor, Victor Jensen, Daramy e Tagliafico