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O interesse do Benfica em Santiago Giménez fez capa de jornal do outro lado do oceano. De regresso ao futebol mexicano, agora para trabalhar no Tigres, Óscar Tojo explica que viu nas manchetes de jornal a referência a um jogador com quem trabalhou no Cruz Azul e sobre quem lhe sobram elogios. Não só por causa do pé esquerdo e dos golos que marca, mas também pela postura do jovem goleador, dentro e fora de campo.
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Filho de Christian Giménez, Santiago teve de lidar, desde muito cedo, com a expectativa dos adeptos do Cruz Azul. O pai foi ídolo no clube, internacional mexicano - nasceu na Argentina, mas passou grande parte da carreira no México -, uma referência do Cruz Azul onde, Santiago, emergiu aos 17 anos na esfera da equipa principal, pela mão do treinador português Pedro Caixinha. Óscar Tojo trabalhava nessa equipa técnica como preparador físico.
"Quando chegamos ao Cruz Azul o Santiago tinha cerca de 17 anos. Começou a treinar connosco, na equipa principal, e a jogar pelos sub-20. O processo de adaptação não foi fácil, porque trazíamos para o clube novos métodos de trabalho que estávamos a tentar implementar, com um contexto de clube, mas também com um contexto individual".
No avançado, a equipa técnica de Pedro Caixinha identificou potencial. "Para além de querer ser jogador de futebol, o Santiago tinha uma característica diferente. Vinha da família de um antigo jogador muito conhecido aqui no México, é filho de Christian Giménez, que tinha sido uma referência no Cruz Azul. Santiago já estava "bem educado" sobre a forma como deve viver um jogador de futebol, aquilo que é o processo necessário para, mais tarde, chegar a um contexto profissional".
"É um bom miúdo. Alguém de quem se gosta com facilidade. Mas é também um jovem focado, que gosta do treino, que tem boa relação com os colegas. Sabe muito bem os prós e contras desta vida, onde tem de andar. Mas é também humilde, e isso é um ponto a favor. "Ele é sempre muito falado também pelo contexto familiar. Não sei até que ponto a comparação (com o pai) pode mexer com ele".
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Golos e ajuda à equipa. E paixão pelo treino
A atitude do atleta é refletida no trabalho diário. "Tem uma grande paixão pelo treino. Eu sempre notei isso. Sempre se mostrou muito disponível mesmo que, no início, estivesse um pouco ansioso, por causa das dúvidas, do que se dizia, se ele iria ou não chegar ao patamar superior".
"Foi evoluindo e, no processo dos sub-20, começou a ser uma referência, começou a marcar muitos golos. Começou a ser chamado à equipa principal. O mister [Pedro] Caixinha foi a pessoa que teve a responsabilidade de lhe dar a oportunidade, de o brindar com a estreia no campeonato mexicano".
Mas Santiago Giménez pisava - ou partia - de espaços diferentes. "Ele jogava mais por fora, e sempre teve uma relação muito fácil com o golo. Seja em situações mais fáceis, seja em situações um pouco mais difíceis. Notamos que a relação dele com a baliza era muito boa. Depois era um treinador com grande qualidade técnica muito acima da média, em especial com o pé esquerdo.
Sem bola, Santiago também se destacava. Uma característica que lhe permite adaptar-se a novos contextos. "À medida que foi evoluindo, foi percebendo que ele é também um jogador de equipa, muito voluntarioso, mesmo quando a equipa não tem a bola, consegue manter o ritmo, tanto em termos ofensivos, como defensivos, o que lhe permite ajudar a equipa".
Na Europa, espaços curtos e melhor jogo de costas para a baliza
Santiago Giménez jogou no México os primeiros anos de carreira como futebolista sénior. No último verão mudou-se para Roterdão, para o Feyenoord. Óscar Tojo fez a viagem no sentido contrário. Depois de um período na Federação Portuguesa de Futebol, acaba de regressar ao México onde trabalha na definição da metodologia do treino do Tigres, tanto na equipa principal como em toda a estrutura, até à formação.
"Vi dois ou três jogos de Santiago na Europa. Tem grande mobilidade em espaços curtos, ou seja, é muito rápido, mesmo na forma fantástica como se consegue virar para a baliza. Tem vindo a evoluir na forma como joga de costas para a baliza. Já joga nestes dois momentos: em apoio e em profundidade", avalia Óscar Tojo.
"As características predominantes dele continuam lá: a facilidade para marcar, um pé esquerdo muito bom, que faz a diferença ao nível do remate e, ainda, nos espaços curtos, capacidade para criar vantagens". Atributos que encantam também o público mexicano.
"É muitas vezes comparado com o Raúl Jiménez, sobre aquilo que são as características dele - também jogamos com Raul aqui no México e posso dizer que têm algumas características próximas. Existe aqui, no México, essa comparação. Estas notícias sobre o interesse do Benfica saíram aqui em primeira página".
Raul tem sido titular da seleção mexicana nos últimos anos. Santiago ficou fora - de forma surpreendente - dos convocados para o último mundial. Na semana em que é associado ao Benfica, Santiago Giménez está de regresso à equipa nacional.
FIRST @Diegococca1 ROSTER. #LaSelecciónEsDeTodos pic.twitter.com/NDx1xcjCX1