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O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, anunciou, esta sexta-feira, que a França pediu à organização do rali Dakar o cancelamento da prova, após suspeitas de terrorismo. Em causa está uma explosão na Arábia Saudita, que atingiu um veículo e feriu gravemente o piloto francês Phillipe Boutron antes da partida da prova, a 30 de dezembro.
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"Pensamos que talvez seja melhor abandonar este evento desportivo. Os organizadores decidiram continuar", disse Le Drian à televisão BFM, em declarações citadas pela AFP, acrescentando que "houve potencialmente um ataque terrorista contra o Dakar".
"Nestes casos, é preciso ter muito cuidado, pelo menos colocar em prática dispositivos de proteção suficientes e reforçados. Acho que eles [organizadores] fizeram isso, mas em qualquer caso a questão permanece sem resposta", disse Le Drian.
Na terça-feira, as autoridades judiciais francesas abriram uma investigação a uma possível motivação terrorista que terá estado na origem da explosão do veículo que feriu Phillipe Boutron. Caso se venha a provar que se tratou de um atentado, o governo francês tem poder para cancelar a prova.

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O piloto francês seguia num veículo com mais cinco pessoas da equipa Sodicars quando a viatura se deteve subitamente, devido a uma explosão, nas imediações do hotel Donatello, em Jeddah. Boutron sofreu ferimentos nas pernas que obrigaram mesmo a uma intervenção cirúrgica, da qual está já a recuperar em Paris.
As autoridades sauditas descartaram, no sábado, um ato criminoso para explicar o que chamaram de "acidente" e, por isso, a prova deverá continuar.
No entanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros francês assinalou ainda que desde o início que "a hipótese de ato criminoso não foi descartada" e que "a ameaça terrorista persiste na Arábia Saudita".
"Dissemos aos organizadores e às autoridades sauditas que tínhamos de ser muito transparentes sobre o que acabava de acontecer, porque havia hipótese de que poderia ser um ato terrorista", observou Jean-Yves Le Drian.
"Já houve atos terroristas na Arábia Saudita contra os interesses franceses", lembrou.
Em outubro de 2020, um ataque com faca feriu um guarda do consulado francês em Jeddah. Duas semanas depois, um atentado na mesma cidade teve como alvo uma cerimónia para assinalar o aniversário do armistício de 11 de novembro de 1918, na presença de diplomatas ocidentais, especialmente franceses, causando dois feridos.

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Sexta etapa das motas cancelada
A organização do rali Dakar cancelou a sexta etapa da competição das motas, que estava agendada para esta sexta-feira, devido às condições do terreno, que se apresenta muito degradado por causa da passagem, na quinta-feira, dos automóveis e camiões, bem como das fortes chuvas que têm caído, nos últimos dias, na Arábia Saudita.
Assim, a organização optou por neutralizar a etapa no primeiro ponto de abastecimento, ao quilómetro 101, depois de muitas queixas dos pilotos relativas à segurança.
O jornalista António Catarino explica a razão pela qual a sexta etapa das motas foi cancelada
O piloto do Botsuana Ross Branch (Yamaha) foi um dos apanhados nas 'armadilhas' do traçado, desistindo após queda que lhe provocou lesões na mão direita. Foi transportado aos serviços médicos do acampamento pela organização.
No segundo e último ponto de controlo por que passaram as motas, ao quilómetro 81, o australiano Daniel Sanders (GasGas) liderava a classificação, com 1.26 minutos de vantagem sobre o austríaco Mathias Walkner (KTM) e 1.47 sobre o líder da geral, o britânico Sam Sunderland (GasGas), vencedor da edição de 2017.
Joaquim Rodrigues Jr. (Hero) seguia na 11.ª posição, Rui Gonçalves (Sherco) em 15.º e António Maio (Yamaha) em 21.º.
* Notícia atualizada às 10h21