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A Liga de Clubes prepara-se para propor ao Executivo penalizações mais duras para os adeptos que não cumpram as regras.
Ouvido no Fórum TSF esta terça-feira, o diretor jurídico da Liga avança algumas das propostas que apresentará na reunião de dia 27 de janeiro junto do ministro da Administração Interna: "Conseguir que, por um lado, se esvazie a possibilidade de serem cometidos este tipo de ilícitos, seja por via da deteção de objetos e proibição de que estes entrem no recinto desportivo, seja por via da proibição de as pessoas acederem ao estádio, obrigando-as a apresentarem-se, quando condenadas, junto de um órgão de justiça criminal."
Ouça as propostas de Paulo Mariz Roseira.
Paulo Mariz Roseira demonstra preocupação pelo caso de lançamento de tochas durante o Sporting-Benfica e quer evitar que tal suceda de novo.
O diretor jurídico da Liga admite ainda que pode caber aos clubes a iniciativa de tentar combater estas práticas, sobretudo através do agravamento das multas. "Nos últimos anos, as multas aplicadas em processos disciplinares têm tido agravamento das molduras aplicáveis na ordem dos 100 e 200%. Nalguns casos duplicaram e quadruplicaram."
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"Ainda há um caminho a percorrer neste agravamento das sanções. Temos de fazer um estudo sobre a eficácia destes agravamentos na diminuição dos indícios que foram agravados", comenta.
Paulo Mariz Roseira argumenta que é possível "fazer mais".
Paulo Mariz Roseira considera que a lei atual tem falhas no que diz respeito aos aspetos já condenados por violência nos estádios.
Já Daniel Seabra, professor da Universidade Fernando Pessoa e autor da primeira tese que incide sobre as claques, defende que punir estes grupos tem um efeito negativo.
"É preferível um acordo e uma tentativa de um consenso operacional com as claques, excluindo-se dos grupos quem é necessário excluir, do que esta estratégia de confronto declarado que agora tem mais uma escalada e que tem óbvios efeitos perversos porque empurra as classes para a clandestinidade, e este efeito perverso é apoiado por uma lei."
Daniel Seabra, ouvido por Manuel Acácio, explica que não considera o castigo coletivo uma boa medida.
O investigador destaca que há polícias que chegaram a pertencer às claques, pelo que a entrada de material perigoso nos estádios pode ser facilitada.
"Entra-se numa lógica de confronto, e esta questão das tochas, a meu ver, não é propriamente uma ação sem intenção. Visa claramente afrontar Frederico Varandas, é uma manifestação de protesto", diz ainda.