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"Ele para mim foi o melhor de todos." É sem rodeios nem dúvidas que António Simões elege Pelé, contra quem jogou várias vezes e com quem chegou a conviver, como rei do futebol.
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Simões conta, na TSF, que viu "todos os outros fazer tudo o que o Pelé fez, exceto uma coisa" a que assistiu, em pleno relvado, nos anos 1960, quando o Santos visitou o Estádio da Luz, para enfrentar o Benfica.
"Eu fiquei pasmado, é até um gesto bizarro", recorda: "Imagine o que é você ter a bola, fazer uma tabela com o adversário e depois levá-la consigo. Eu vi o Pelé fazer isto, nunca vi nenhum outro jogador fazer."
Simões descreve o que só viu Pelé fazer.
O drible conquistou Simões, que garante não destacar este episódio "sequer por simpatia".
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"É porque de facto eu vi o Pelé, para aquele tempo, fazer coisas com uma coordenação física e e com a bola que eu depois não consegui ver noutros", assinala, embora outros se tenham aproximado: "O nosso querido Eusébio esteve perto, mas eu acho que Pelé foi verdadeiramente o melhor de todos."
Voltariam a cruzar-se nos Estados Unidos, já com Pelé nos New York Cosmos e Simões nos San José Earthquakes, no que foi uma "aproximação muito bonita".
Antigos jogadores construíram "aproximação muito bonita".
Conta o português que, depois de um jogo entre as equipas na Califórnia, que "correu muito bem" aos San José Earthquakes, Pelé foi dizer a Simões: "Ei, baixinho, você joga bem, você joga mesmo bem."
"São pequenas frases e pequenos gestos de humildade que marcam depois todos os outros", recorda na TSF. A relação de amizade continuou a evoluir e Simões ficou com a sensação "de que Pelé tinha a noção do seu estrelato, do quanto representava e de tudo o que movimentava em todo o lado e a jogar", mas "nunca deu sinal de arrogância ou de egocentrismo, bem pelo contrário".
Cruzaram-se novamente em Portugal quando Pelé veio a território nacional para "lançar a Pepsi-Cola" e falou com o Eusébio para dizer-lhe: "Traz o baixinho."
"Esta coisa de ser naturalmente humilde não deixa de ser um ato de inteligência."
Mais uma vez, o episódio marcou Simões. "Todas estas coisas vão ficando na vida de todos nós, não por vaidade porque conhecemos o rei, mas por orgulho também de nós próprios, porque fomos capazes de relacionar-nos com esta gente." E que gente é esta? "É gente que é génio e é preciso compreendê-los."
Ficou para sempre a admiração. "Ele soube ser humilde porque foi um homem de coragem e foi inteligente. Esta coisa de ser naturalmente humilde não deixa de ser um ato de inteligência, é assim que eu penso e não tenho motivos para mudar."
Edson Arantes do Nascimento, conhecido como Pelé, morreu na quinta-feira, aos 82 anos, no hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na sequência da "falência de múltiplos órgãos, resultado da progressão do cancro do cólon associado à sua condição clínica prévia", segundo aquele estabelecimento hospitalar, em comunicado.