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O técnico de som Nuno Duarte é um dos 25 portugueses a trabalhar nos Jogos Olímpicos de Inverno, a decorrer em Pequim, na China. A trabalhar na capital chinesa, faz agora parte da equipa de som que garante que o áudio dos jogos olímpicos é distribuído pelas televisões de todo o mundo.
O português trabalha na OBS, o serviço olímpico de transmissão, "desde 2009" e, por isso, é um dos "responsáveis pela cobertura pelos "Jogos de Verão e de Inverno", o que o leva a visitar muitos países ao longo dos círculos olímpicos.
De forma sucinta, Nuno Duarte explicou à TSF, ser "o responsável do som de todos os desportos" que distribui depois os sons "para as televisões de todo o mundo".
Questionado sobre as mudanças que a pandemia trouxe, o técnico de som diz que, devido à dimensão do evento, extistem normas "mais restritas", mas confessa a qualidade das organizações, que "felizmente, têm sido bastante competentes" e tudo "tem corrido muito bem".
Durante a competição, Nuno Duarte enumerou as limitações que a Covid-19 trouxe para um evento como os Jogos Olímpicos: "Fazemos PCR's todos os dias, portanto, temos um grande controlo da organização de todos nós" e as deslocações são "controladas, tal como as viagens de avião", mas, nas áreas desportivas, diz que se movimenta "à vontade".
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O maior desafio dos Jogos Olímpicos é, segundo o técnico de som, "produzir um evento com tantas pessoas de todos os pontos do mundo".
Em termos profissionais, o português confirma que este é um marco porque é "o maior desafio" e "nada se compara" aos Jogos Olímpicos porque é o "top dos tops" ao nível de som de desporto.
Ouça a entrevista de Nuno Duarte a Rute Fonseca na TSF
Apesar de a China ser conhecida por estar na vanguarda da tecnologia, Nuno Duarte diz que a organização "está sempre também à frente em termos de televisão". Por exemplo, a equipa em que o técnico trabalha foi a primeira a "implementar o som imersivo e 3D, que já é um standard". "Em todos os jogos temos novas tecnologias, portanto é o nosso dia a dia", mas em países evoluídos tecnologicamente, assume que "é um desafio melhor, porque nos obriga estar ainda mais à frente".
O técnico de som, apesar do trabalho, tenta acompanhar os atletas portugueses. "Temos uma lista de competições diárias e vamos acompanhando o possível dos nossos atletas".
Como praticou canoagem durante "muitos anos", tem "um carinho especial" pela modalidade, apesar de "acompanhar todas". Durante o inverno, confessa gostar mais do "esqui alpino, porque são uns verdadeiros heróis da velocidade".
Sobre se a tensão entre a Rússia e a Ucrânia é falada nos corredores da produção, Nuno Duarte disse que não. "Estamos tão embebidos no trabalho" e "são tantas horas que nem sabemos o que se passa nos nossos próprios países" e acabam por ser as famílias "a dizer se se passa alguma coisa ou não", por isso, diz estar "aleado dessa situação".
Estar longe da família é algo que "ao fim de tantos anos já estamos habituados", diz Nuno Duarte. No entanto, explica que "há alturas em que é mais difícil", mas garante que "faz parte dos ossos do ofício".
O técnico de som não é o único português na produção. "Desde as telecomunicações, mais técnicos de som, jornalistas e técnicos de informática", enumera, "são muitos" os compatriotas presentes nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pequim.
Nuno Duarte confidenciou que existe uma tradição entre os trabalhadores do evento: "Por cima dos nossos postos de trabalho, pomos a bandeira de cada país e já temos muitas bandeiras portuguesas em cima da secretária".
"Com os Jogos Olímpicos já ganhei dois Emmy's, pela produção dos Jogos Olímpicos de Londres e do Rio de Janeiro", concluiu, evidenciando o "orgulho português".
O técnico de som vai continuar em Pequim até dia 15 de março, depois do final dos Jogos Paralímpicos de Inverno.