Houve intensidade, houve penáltis, houve golos e, acima de tudo, houve cálculos até ao final do jogo entre campeões europeus e campeões do mundo, mas Portugal está mesmo nos oitavos de final do Euro 2020. Cristiano Ronaldo - agora no topo da lista dos melhores marcadores de seleções, a par de Ali Daei - marcou por duas vezes, de grande penalidade. Benzema, do outro lado, também bisou.
Em Munique, a Alemanha - que esteve fora do Euro por duas vezes - também empatou a duas bolas, pelo que segurou o segundo lugar do grupo. Assim, França apura-se no primeiro lugar e Portugal acabou em terceiro. Este domingo está marcado encontro com a Bélgica, em Sevilha.
A avaliar pelos minutos iniciais, a história deste jogo parecia ser diferente daquela a que se assistiu no fim de semana, frente à Alemanha. Portugal não entrou encostado à defesa e, passe a passe, com calma, lá conseguia guardar a bola no meio-campo francês. João Moutinho assumia a construção de jogo mais avançada, ainda que descaído sobre a direita, e Renato Sanches surgia um pouco por todo o lado, defendendo à esquerda de Danilo, que saía na pressão sobre Griezmann.
De Munique, aos dez minutos, chegavam más notícias: a Hungria marcava à Alemanha, por Szalai, e complicava as contas do grupo. França aproveitava para deixar um aviso: Mbappé surgiu nas costas de toda a defesa portuguesa e, frente a Rui Patrício, não foi capaz de vencer o duelo. Com vinte minutos de jogo, nenhuma das seleções era claramente superior, como também nenhuma parecia disposta a arriscar demasiado.
Portugal foi crescendo no jogo e, na cobrança de um livre lateral, ganhou uma grande penalidade. Lloris saltou sobre Danilo e golpeou a cabeça do médio defensivo. Lahoz não teve dúvidas, apontou para a marca dos onze metros e amarelou o capitão francês. Cristiano Ronaldo assumiu, olhou para Lloris e enganou-o: bola para um lado, guarda-redes para o outro e 1-0 para Portugal aos 30'.
São quatro golos para o capitão português e um passo na direção certa para bater o recorde de Ali Daei: só faltava um golo para o igualar. Algo mudava na cabeça dos franceses: Hernández e Griezmann viram o amarelo e Kimpembe esteve perto de ter o mesmo destino, já em cima do intervalo, após entrada sobre Cristiano Ronaldo. A sorte, no entanto, inverter-se-ia.
Mbappé desmarcou-se nas costas de Nelson Semedo e o português acabou por derrubar o avançado quando a bola se encaminhava para os seus pés. Lahoz apontou para o castigo máximo e Benzema não desperdiçou.
Cristiano Ronaldo, apanhado pelas câmaras de televisão, recomendava calma a toda a equipa. Fernando Santos, na linha lateral, ainda protestava a decisão do árbitro espanhol. Mbappé, já nos descontos da primeira parte, ainda pediria outro penálti por ter caído sozinho no interior da grande área portuguesa.
Fernando Santos aproveitou o intervalo para tirar Danilo - atingido por Lloris no lance do penálti - e lançar Palhinha, que se estreava assim em Europeus. A segunda parte começava com uma arrancada de Renato Sanches e com Pepe a desarmar Mbappé como se nada fosse. Bons sinais. E um mau sinal logo de seguida.
Benzema desmarcou-se entre os centrais portugueses e, à saída de Rui Patrício, rematou cruzado e rasteiro para o segundo golo francês. A bandeirola estava levantada mas, revistas as imagens pelo VAR, valeu mesmo. Fica na retina o passe de Pogba a desmarcar o ponta de lança francês. E com esta combinação de resultados, Portugal caía do Euro.
Como caía Lucas Digne, lesionado, que tinha entrado ao intervalo para o lugar de Hernández. Saiu aos 51' para ser rendido por Rabiot. E seis minutos depois a sorte sorriu.
Cristiano Ronaldo insistiu sobre Koundé, ganhou o ressalto e um penálti: uma vez mais, não falhou e estava feito o 2-2. Fazia-se ainda mais história: Cristiano Ronaldo igualou o iraniano Ali Daei como melhor marcador de sempre de seleções. E estava feito o quinto da conta pessoal no Euro.
Em Munique, a Alemanha também marcava e colocava-se no segundo lugar do grupo. Por cerca de um minuto, antes de a Hungria marcar de novo, fazer o 2-1 e deixar os alemães fora do Euro. E Portugal sofria a bom sofrer: Pogba obrigou Patrício a voar, Griezmann obrigou-o a levantar-se e a defender de novo e, por momentos, suspirou-se de alívio. Deschamps tirava Tolisso e lançava Coman.
Fernando Santos respondia com as saídas de Bernardo Silva e Moutinho para as entradas de Bruno Fernandes e Rúben Neves. Pouco depois, chegavam más notícias para Portugal: Nélson Semedo aterrou mal após um salto e foi obrigado a sair. Dalot estreava-se por Portugal com um teste de fogo. Em Munique, a Alemanha empatava o jogo e deixava Portugal no terceiro lugar do grupo.
Continuavam as mexidas: Griezmann saía para a entrada de Sissoko, Renato Sanches dava o lugar a Sérgio Oliveira. Entretanto, acabava o Alemanha-Hungria, que garantia o apuramento português. Fernando Santos, com o apuramento no bolso, enviava uma mensagem clara para dentro do campo: "Subam!" Mas ninguém o percebia. Acabava o jogo.
Onze de Portugal: Rui Patrício, Nélson Semedo, Pepe, Rúben Dias, Guerreiro, Danilo, Moutinho, Renato Sanches, Bernardo Silva, Diogo Jota e Cristiano Ronaldo
Onze de França: Lloris, Kimpembe, Varane, Koundé, Hernández, Pogba, Tolisso, Kanté, Griezmann, Mbappé e Benzema
SIGA AQUI AO MINUTO O ALEMANHA-HUNGRIA
Suplentes de Portugal: Lopes, Rui Silva, Fonte, André Silva, Bruno Fernandes, William Carvalho, Rafa Silva, Rúben Neves, Dalot, João Félix, Sérgio Oliveira, João Palhinha
Suplentes de França: Mandanda, Maignan, Pavard, Lenglet, Lemar, Giroud, Rabiot, Zouma, Sissoko, Digne, Coman e Ben Yedder
