"O final de um ciclo." Ricardinho retira-se da seleção de futsal

O jogador destaca "uma caminhada incrível e inesquecível" na seleção de futsal, mas adianta que ainda tem "alguns anos para dar ao futsal".

Ricardinho anunciou, esta terça-feira, que vai retirar-se da seleção de futsal, anunciando "o final de um ciclo".

"Hoje, vim aqui anunciar o final de um ciclo. Olho para trás e lembro-me que comecei com 16 aninhos em Rio Maior, mas não sabia que o caminho iria ser tão perfeito. Foi uma caminhada incrível, com altos e baixos, como tudo na vida. Disse que o Mundial seria a minha última competição pela seleção, fosse qual fosse o desfecho", afirmou em conferência de imprensa, na Cidade do Futebol.

Relembrando vários dos momentos da sua carreira na seleção, Ricardinho, visivelmente emocionado, referiu que esta história "termina da melhor maneira". "Com muita pena, vou dizer um até já à seleção nacional, que é a decisão mais difícil que tomei na minha carreira, mas que acho que é hora de dar lugar aos mais jovens. Tudo o que tinha para dar à seleção dei desde os meus 16 anos. Sou orgulhosamente português e vou continuar a ser", acrescentou, agradecendo "a todos".

A cerimónia de despedida de Ricardinho como jogador de futsal na seleção começou com um vídeo que fez alusão aos melhores momentos da carreira do atleta. "O nosso mágico para sempre" eram as palavras que se podiam ler no ecrã.

"O recorde que me faltou foi ter ganho mais Europeus e Mundiais. Tenho pena de não ter jogado mais jogos pela seleção. É um privilégio representar o país e ouvir o hino. Nunca joguei para bater recordes, tentei dar o máximo pela modalidade", sublinhou.

Jorge Braz, técnico da seleção de futsal, destacou o "desafio", o "privilégio" e uma "aprendizagem conjunta". O treinador identificou o legado de Ricardinho como "o maior que pode existir".

O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, disse que é com "um misto de sensações" que reage à decisão de Ricardinho, pedindo ao atleta que aceite tornar-se no embaixador vitalício da seleção, bem como fazer a última internacionalização em solo português, "num jogo especial".

"Que te tornemos, a partir de hoje, embaixador vitalício da nossa seleção, e que nos permitas fazer a tua última internacionalização em solo português, num pavilhão cheio e num jogo especial em que os portugueses te tributem como mereces. Sei que hoje sais da nossa quadra, mas sabemos que nunca sairás da seleção de Portugal", afirmou.

"Desde sempre trabalhei para ser uma referência na modalidade", respondeu Ricardinho, aceitando as propostas de Fernando Gomes.

"Não é que eu não me sinta capaz. Tudo o que é a nível físico, eu sei que me posso superar. A questão é a exigência que coloco em mim todos os dias", disse, respondendo às questões dos jornalistas. Ricardinho abordou o desgaste mental que tem sentido: "São muitos anos a tentar dar o máximo e ser um exemplo. Essa exigência é muito difícil. Continuo a sentir-me útil, mas há um momento na nossa vida que é muito difícil que é saber sair e dar a vez a outro."

Com os olhos postos no futuro, o jogador adiantou que ainda tem "alguns anos para dar ao futsal". "Esta decisão tem apenas a ver com a seleção."

Ricardinho encerra o percurso na equipa das 'quinas' depois de ter conquistado o título mais desejado da carreira, graças à vitória de Portugal sobre a Argentina (2-1), na final do Mundial2021, na Lituânia, que juntou ao Europeu celebrado na Eslovénia, em 2018.

Ricardinho, de 36 anos, o único praticante eleito por seis vezes melhor jogador de futsal do mundo (2010, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018), pelo portal Futsal Planet, contabilizou 187 jogos e 141 golos na equipa das 'quinas', pela qual se estreou em junho de 2003, numa vitória sobre Andorra (8-4), em Tavira.

Natural de Gondomar, o ala despontou no Benfica e cumpre a quarta experiência fora de Portugal, ao serviço do campeão francês ACCS Paris, após também já ter competido no Japão, pelo Nagoya, na Rússia, pelo CSKA Moscovo, e em Espanha, pelo Inter Movistar.

Ricardinho venceu mais de 30 troféus coletivos, incluindo três edições da UEFA Futsal Cup, uma nas 'águias' e duas nos madrilenos, e recebeu múltiplas distinções individuais, como as de melhor jogador nos Europeus de 2007 e 2018 e no Mundial de 2021.

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