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Lúcio Correia, professor de direito de desporto, defende que o Governo e a Liga de Clubes têm uma atitude passiva perante os casos de violência e de intolerância no futebol que se têm repetido nos últimos dias, lamentando também a "impunidade" dos clubes.
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No Fórum TSF, Lúcio Correia apontou que tanto o Governo como a Liga cumpriram o seu papel ao legislar e regular no que toca à violência no desporto, mas a tarefa não pode ser dada como terminada, porque "estes fenómenos sociais não são fenómenos que apenas se revelam naquilo que está na lei e no regulamento".
No seu entender, há questões que ainda precisam de ser resolvidas, como a aquisição dos bilhetes, a separação física dos adeptos "que nem sempre é clara e nem todos os estádios têm as mesmas condições do que os denominados grandes do futebol português".
"Temos aqui várias questões. Não podemos dizer que fizemos o nosso papel e que não temos mais nada a fazer", resume, considerando "impensáveis" os incidentes envolvendo crianças que têm acontecido nos últimos dias nos estádios de futebol do país.
Governo e Liga devem ir mais longe na luta contra casos de intolerância no futebol.
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Ao mesmo tempo, sublinha Lúcio Correia, reina no futebol uma "sensação de impunidade" dos clubes perante "o comportamento irracional e, muitas vezes, ilícito por parte dos seus adeptos". Exemplo disso, diz, são as várias punições do Conselho de Disciplina que depois vão ao Tribunal Arbitral do Desporto e que, por alguma razão, "são retiradas ou alteradas".
"No dia em que existir uma punição severa, com uma concretização direta em que os clubes aprendam que também o comportamento dos adeptos tem que ser regulado (...) para que todos possam compreender que, quando vão ao estádio, há comportamentos que têm de seguir, as coisas serão diferentes", acredita.
Professor de direito de desporto fala em sentimento de "impunidade" dos clubes.
No fim de semana, um adepto do FC Porto e a filha foram obrigados a mudar de lugar depois de terem sido insultados no estádio do Estoril Praia. O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, e o presidente da Liga, Pedro Proença, repudiaram o incidente e prometeram continuar a lutar "implacavelmente" contra este tipo de situações.
O Estoril Praia reagiu através de um comunicado, lamentando o sucedido e dirigindo um pedido de desculpas ao adepto portista pela situação vivida pela filha.

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Este caso, que relança o debate sobre a violência no desporto, surge dias depois de o carro da família de Sérgio Conceição, treinador do FC Porto ter ter sido apedrejado, e do episódio em que uma criança foi sido obrigada a despir a camisola do Benfica no jogo frente ao Famalicão.