"Pare, escute e olhe" a aposta que a CP está a fazer nos comboios históricos 

"Pare, escute e olhe" a aposta que a CP está a fazer nos comboios históricos 

Tal como prometemos em julho, cá estamos de regresso aos carris para uma segunda temporada das crónicas "Próxima Estação". A volta pelos caminhos de ferro nacionais fez-se, numa primeira fase, pelas linhas da Beira Alta, Beira Baixa, Leste, Sul, Alentejo, Algarve e Oeste. Nesta segunda etapa, voltamos a pegar nos bilhetes e a embarcar mais a Norte, pelas linhas do Vouga, Minho, Douro, Norte, Braga e Guimarães. Aqui, tal como fizemos a Sul, inevitavelmente falaremos das centenas de quilómetros de vias desativadas. Não só perderemos o olhar na imensidão do Douro Património Mundial, que é possível apreciar embarcando no histórico comboio Miradouro (do qual falaremos atempadamente) como também recordaremos as quatro vias que do Douro ramificavam e que estão, toda elas, extintas: Tâmega (até Arco de Baúlhe), Corgo (até Chaves), Tua (até Bragança) e Sabor (até Miranda-Duas Igrejas). Assim estão: extintas, umas abandonadas, com património a ruir, outras "afogadas". Em 1968, Portugal tinha uma extensão de 3.592km de linhas de comboio. O país encolheu mais de mil quilómetros de ferrovia, em 52 anos.

Entre Lagos e Tunes: "Esse lugar é meu, levante-se, por favor"

Entre Lagos e Tunes: "Esse lugar é meu, levante-se, por favor"

Lagos > Tunes > Lisboa (Alcântara Terra). Mochila às costas, bilhetes na mão, sentidos apurados, gravador preparado e embarcamos uma semana para uma viagem (inesquecível) de comboio. À janela, observamos o melhor e o pior das linhas de comboio portuguesas. Acertamos agulhas e tentamos perceber qual a "Próxima Estação" para a ferrovia nacional: o que vai evoluir o país com o plano ferroviário para 2030 e o que deixou para trás.

Guatemala

Percorrer o mundo em tempo de Covid. "É uma fase complicada mas única e histórica"

João Amorim ficou infetado com Covid-19 em Portugal. O pormenor seria irrelevante, não fosse a profissão do são-joanense de 29 anos. Há 11 anos, quando terminou o ensino secundário, João Amorim candidatou-se a Bioquímica e entrou na universidade, sem certezas quanto à sua vocação. Terminado o curso com sucesso, começou a trabalhar, mas "não estava feliz". O impulso inexplicável dizia-lhe que fosse viajar, e a Gap Year Portugal abriu-lhe as portas à primeira grande viagem: pela América Latina. "Em todos os países onde estávamos era verão, andávamos a seguir o sol", lembra o autor da página followthesuntravel. As respostas não chegaram com a perseguição ao corpo celeste, mas a estrela jorrou luz sobre todas as perguntas. A viagem tinha de ser feita como Saramago escrevera: "ver na primavera o que se vira no verão, ver de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava". Hoje João Amorim viaja profissionalmente, é líder de viagens na Landescape, e mal pára em casa. Gosta de ter "coisas para contar" das rotas sempre recomeçadas, com novos caminhos traçados e inaugurais passos dados, admite. E as memórias do tempo da pandemia também são histórias dessa "vida a ser vivida", assegura o viajante.