D. José Cordeiro: afabilidade e inteligência

D. José Cordeiro: afabilidade e inteligência

Nascido há 54 anos, em Vila Nova de Seles, a cerca de 400 kms de Luanda, o novo arcebispo primaz de Braga D. José Manuel Garcia Cordeiro tinha oito anos quando, no verão quente de 1975, se viu obrigado a regressar com a família à metrópole. Com a capital de Angola a arder e a guerra civil iminente, o pequeno José Manuel não teve outra alternativa que reiniciar a vida, deixando para trás o cheiro da terra quente e do sangue a clamar auto-determinação e independência.

Noite sangrenta, camioneta fantasma

Noite Sangrenta foi há 100 anos. Mandantes nunca foram identificados

A Noite Sangrenta foi há cem anos. O golpe começou na manhã de 19 de outubro, mas ao fim da tarde, quando o novo poder parecia instalado, a situação descambou. A chamada camioneta fantasma espalhou a matança por várias zonas da cidade, da Almirante Reis ao Arsenal. O primeiro-ministro António Granjo, Machado Santos (o herói da rotunda), Carlos da maia e vários outros dirigentes republicanos foram passados pelas armas e, como sublinha o historiador Luís Farinha, o descontrolo poderia não ter acabado na manhã seguinte.

Dos rebuçados doces da Régua ao amargo, "lesivo e fraudulento" fecho das linhas do Tâmega e do Corgo

Dos rebuçados doces da Régua ao amargo, "lesivo e fraudulento" fecho das linhas do Tâmega e do Corgo

Ainda há rebuçados da Régua e sabem ao mesmo, mas a realidade já não é a mesma coisa. Quando chego, pouco depois das 11h00, apenas Maria Leitão está sentada à entrada da estação. Já nem apregoa com antigamente. Está cansada. Vende rebuçados da Régua há mais de 40 anos e sempre a ver chegar e partir os comboios, agora só os da linha do Douro, mas até março de 2009 ainda via também, embora composições mais pequenas, a partir e a chegar da linha do Corgo. "Eles têm andado cheios", diz-nos, e a razão, mais do que pelos turistas (muitos) que chegam à Régua, reside no facto de muitas aldeias destas encostas do Douro não terem outro tipo de transporte para "se deslocarem ao médico ou para outros afazeres no Porto". É mesmo, segundo a vendedora, "a melhor forma de deslocação". Se à rapidez conjugarmos a vista, não devem restar muitas dúvidas. Ainda assim, o comboio inter-regional demora quase duas horas a ligar as duas cidades, embora a viagem se faça com grande conforto nas melhoradas carruagens Schindler, produzidas em 1940 e colocadas ao serviço entre 1949 e 1977 (sobre o MiraDouro havemos de falar na crónica de amanhã).

"Pare, escute e olhe" a aposta que a CP está a fazer nos comboios históricos 

"Pare, escute e olhe" a aposta que a CP está a fazer nos comboios históricos 

Tal como prometemos em julho, cá estamos de regresso aos carris para uma segunda temporada das crónicas "Próxima Estação". A volta pelos caminhos de ferro nacionais fez-se, numa primeira fase, pelas linhas da Beira Alta, Beira Baixa, Leste, Sul, Alentejo, Algarve e Oeste. Nesta segunda etapa, voltamos a pegar nos bilhetes e a embarcar mais a Norte, pelas linhas do Vouga, Minho, Douro, Norte, Braga e Guimarães. Aqui, tal como fizemos a Sul, inevitavelmente falaremos das centenas de quilómetros de vias desativadas. Não só perderemos o olhar na imensidão do Douro Património Mundial, que é possível apreciar embarcando no histórico comboio Miradouro (do qual falaremos atempadamente) como também recordaremos as quatro vias que do Douro ramificavam e que estão, toda elas, extintas: Tâmega (até Arco de Baúlhe), Corgo (até Chaves), Tua (até Bragança) e Sabor (até Miranda-Duas Igrejas). Assim estão: extintas, umas abandonadas, com património a ruir, outras "afogadas". Em 1968, Portugal tinha uma extensão de 3.592km de linhas de comboio. O país encolheu mais de mil quilómetros de ferrovia, em 52 anos.