Ainda há rebuçados da Régua e sabem ao mesmo, mas a realidade já não é a mesma coisa. Quando chego, pouco depois das 11h00, apenas Maria Leitão está sentada à entrada da estação. Já nem apregoa com antigamente. Está cansada. Vende rebuçados da Régua há mais de 40 anos e sempre a ver chegar e partir os comboios, agora só os da linha do Douro, mas até março de 2009 ainda via também, embora composições mais pequenas, a partir e a chegar da linha do Corgo. "Eles têm andado cheios", diz-nos, e a razão, mais do que pelos turistas (muitos) que chegam à Régua, reside no facto de muitas aldeias destas encostas do Douro não terem outro tipo de transporte para "se deslocarem ao médico ou para outros afazeres no Porto". É mesmo, segundo a vendedora, "a melhor forma de deslocação". Se à rapidez conjugarmos a vista, não devem restar muitas dúvidas. Ainda assim, o comboio inter-regional demora quase duas horas a ligar as duas cidades, embora a viagem se faça com grande conforto nas melhoradas carruagens Schindler, produzidas em 1940 e colocadas ao serviço entre 1949 e 1977 (sobre o MiraDouro havemos de falar na crónica de amanhã).