Paulo Baldaia

Não há neutralidade entre o Homo sapiens e o Homo fóbico

Lidamos com dificuldade com o tema da homofobia, não empenhamos todos os nossos esforços para a combater, como fazemos, e bem, com o racismo. Preferimos ignorar, fazer de conta que não vemos. A secretária de Estado que se coloca em cima do muro, julgando que é possível defender um dever de neutralidade, faz o que faz muita gente faz, inclusive na comunicação social portuguesa, para quem os insultos a Cristiano Ronaldo no primeiro jogo contra a Hungria passaram claramente ao lado. Um estádio a gritar "Ronaldo homossexual", no dia em que os húngaros aprovaram a lei de que agora tanto se fala, mereceu da Federação Portuguesa de Futebol uma atitude de macaco. Macaco sábio, que tapa os olhos, os ouvidos e a boca, para não ver o mal, ouvir o mal e não dizer o mal, na esperança de que ele assim não exista. Alguém imagina possível todo este silêncio se os gritos de Budapeste tivessem sido racistas contra Danilo ou William, por exemplo?