Cientistas desenvolvem tecnologia capaz de tornar dados de doentes seguros e acessíveis em todo o mundo

Decisões dos médicos ficam facilitadas porque os profissionais de saúde passam a poder basear-se em casos clínicos de doentes de outros hospitais e países.

Investigadores da Fraunhofer AICOS estão a coordenar um projeto que pretende criar mecanismos, através da inteligência artificial, para que a questão da privacidade não seja um obstáculo à partilha de dados em saúde. O intercâmbio de informação permite proteger os doentes e também melhorar a investigação. No entanto, nem sempre tem sido possível fazer essa partilha.

"Cada hospital ou cada serviço tem a sua própria base de dados e os outros não podem ter acesso" a determinadas informações, explica à TSF o investigador David Belo, que justifica com a existência de "questões de privacidade muito restritas, que são muito sensíveis".

Os obstáculos à troca de informações dificultam o trabalho dos próprios médicos e também da investigação. De modo a tornar os dados acessíveis sem atentar contra a privacidade dos doentes, foi desenvolvido o projeto AISym4MED.

"Nós vamos criar dados que sejam representação do real e que depois vamos alterar ligeiramente, o suficiente para não conseguirmos reconhecer quem é que deu origem a esse registo", conta o investigador à TSF.

"Uma pessoa pode ter a imagem de um problema de pele em que aparece uma tatuagem que reflete logo a identidade dessa pessoa", exemplifica, e então os investigadores comprometem-se a criar "uma imagem semelhante, mas removendo a tatuagem", através de inteligência artificial.

Assim, é possível assegurar que a identidade da pessoa em questão está segura. O investigador David Belo diz que este avanço tecnológico permite que as tomadas de decisão sejam "muito mais bem informadas", já que assim "a ciência médica consegue finalmente ter acesso a dados que anteriormente não tinha".

Além disso, "vai ser possível fazer algoritmos inteligentes, com maior robustez e mais preparados para o mundo real, para auxílio dos médicos na decisão médica".

O projeto, que tem um financiamento de sete milhões de euros, tem trabalhado com as bases de dados de hospitais nos Países Baixos, na Catalunha, no País Basco, e na Turquia. O objetivo é tornar as informações seguras e acessíveis em todo o mundo.

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