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A NASA concretizou na terça-feira, com sucesso, a tarefa mais crítica após o lançamento do telescópio espacial James Webb, ao desenrolar e instalar um escudo solar do tamanho de um campo de ténis.
Esta operação decorreu ao longo de um dia e meio, metade do tempo estimado para a sua concretização, e a equipa de controladores terrestres aplaudiu assim que a última camada do escudo solar desdobrável ficou esticada e operacional.
O telescópio espacial James Webb, de sete toneladas, é tão grande que o escudo solar e o espelho principal banhado a ouro tiveram que ser dobrados para o lançamento.
Este escudo solar é especialmente difícil de operar, medindo 21 por 14 metros, e tem como função manter todos os instrumentos científicos em sombra constante, abaixo dos zero graus.

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"Este é um momento realmente grande. Ainda temos muito trabalho para fazer, mas retirar o escudo solar e instala-lo é muito, muito grande", referiu Bill Ochs, responsável pelo projeto à equipa de controlo em Baltimore.
Os engenheiros passaram anos a construir e a ajustar o escudo solar. Em determinada altura, dezenas de fixadores caíram durante um teste de vibração. Estas contrariedades tornaram o êxito da missão desta terça-feira ainda mais especial, visto que nada semelhante tinha sido feito anteriormente no espaço.
"Foi a primeira vez e acertamos em cheio", referiu o engenheiro Alphonso Stewart em declarações aos jornalistas, citado pela agência AP.
O espelho principal do Webb, de 6,5 metros de diâmetro, será instalado este fim de semana e tem uma sensibilidade 100 vezes superior ao do Hubble (que tem 2,4 metros).

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Este observatório espacial, avaliado em cerca de 10.000 milhões de dólares (cerca de 8.800 milhões de euros) foi lançado em 25 de dezembro e irá demorar cerca de 30 dias até chegar ao destino, que fica a 1,5 milhões de quilómetros do planeta Terra.
O novo telescópio, que começou a ser desenvolvido há mais de 30 anos, resulta de uma parceria entre a ESA e as congéneres norte-americana (NASA), líder do projeto, e canadiana (CSA).
O envio do James Webb para o espaço foi sucessivamente adiado, ano após ano.
Engenheiros do ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade estão envolvidos na segurança das operações de lançamento e a astrónoma portuguesa Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da Agência Espacial Europeia (ESA), em Espanha, é responsável pela calibração de um dos instrumentos do Webb.
Os astrónomos esperam com o telescópio, que deve o seu nome a um antigo dirigente da NASA, obter mais dados sobre os primórdios do Universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas.

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O James Webb permitirá captar a luz ténue de corpos celestes ainda mais distantes, de há 13,5 mil milhões de anos, quando o Universo era bastante jovem (a idade estimada do Universo pela teoria do Big Bang é 13,8 mil milhões de anos).
O novo telescópio é apontado como o sucessor do Hubble, em órbita há 31 anos, a 570 quilómetros da Terra.
Dada a distância a que estará da Terra, o Webb não poderá ser reparado em órbita, ao contrário do Hubble, pelo que a sua "esperança de vida" é curta, de cinco a dez anos.