- Comentar
Seis pessoas, incluindo o empresário Richard Branson, efetuaram este domingo a sua primeira viagem ao espaço a bordo do avião VSS Unity, que descolou e aterrou com sucesso da base SpacePort America, no deserto do Novo México, nos Estados Unidos.
Foi o primeiro passo na nova era das viagens turísticas ao espaço. Branson falou numa "experiência única". "Parabéns a toda a nossa maravilhosa equipa da Virgin Galactic pelos 17 anos de trabalho árduo que nos permitiram chegar até aqui", disse.
"Estamos aqui para tornar o espaço mais acessível a todos e queremos transformar a próxima geração de sonhadores nos astronautas de hoje e de amanhã. Hoje tivemos a experiência mais extraordinária e gostaríamos que muitos de vocês pudessem tê-la também. Imaginem um mundo onde pessoas de todas as idades, todas as origens, de qualquer lugar, de qualquer género ou etnia tenham igual acesso ao espaço. Se alguma vez tiveram este sonho é altura de concretizá-lo", afirmou Ricardo Branson.
Após hora e meia de atraso devido às condições meteorológicas, o avião espacial da Virgin descolou perto das 08h40 (15h40 em Lisboa), com cinco funcionários da companhia aérea e o respetivo fundador, o empresário e filantropo britânico Richard Branson.
O VSS Unity está assente numa aeronave de fuselagem dupla e desprendeu-se da nave-mãe a uma altitude de oito milhas (13 quilómetros), disparando o seu motor de foguete e perfurando a borda entre a atmosfera e o espaço a 55 milhas (88 quilómetros), para garantir uma sensação de microgravidade e uma vista privilegiada sobre o planeta.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Depois de cerca de quatro minutos acima da superfície terrestre, onde a tripulação alcançou a gravidade zero, o avião espacial começou a viagem de regresso e culminou uma viagem histórica na base SpacePort América cerca das 09h40 (16h40 em Lisboa).
"É um lindo dia para ir para o espaço", escreveu na rede social Twitter Richard Branson, de 70 anos, que viveu a aventura mais ousada face ao desejo antigo de voar no espaço, publicando ainda uma foto com o colega bilionário e rival do turismo espacial Elon Musk.
O fundador da Virgin esteve para não realizar este voo até ao final do verão, mas trocou de ideias assim que o bilionário Jeff Bezos, fundador da gigante tecnológica Amazon, programou embarcar na primeira viagem ao espaço da Blue Origin em 20 de julho, coincidindo com o 52.º aniversário da chegada de Neil Armstrong e Buzz Aldrin à Lua.
O lançamento do foguetão VSS Unity foi, para a empresa, a quarta missão tripulada além da atmosfera terrestre, mas a primeira com passageiros, pretendendo aumentar a confiança no negócio de turismo espacial da Virgin, determinada a começar as viagens comerciais em 2022. A Virgin Galactic garante mesmo já ter centenas de passageiros com reservas de bilhetes que custam cerca de 200 mil euros.
A companhia foi autorizada pelo regulador de segurança aérea dos Estados Unidos a levar pessoas ao espaço numa viagem curta, para cima e para baixo, ao invés dos voos tradicionais, em que os astronautas circulam pela Terra e flutuam no espaço por dias.
"Um passo interessante." Missões ao espaço como esta "tem impacto no desenvolvimento de tecnologia"
Ouvido pela TSF, Mário João Monteiro, astrónomo e docente da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, vê com bons olhos missões ao espaço como esta. O especialista acredita que o interesse de privados pode trazer benefícios para a própria ciência.
"É um passo interessante, torna de alguma forma mais acessível ou comum mesmo aos não cientistas o acesso ao espaço e eu acho que isso tem impacto no desenvolvimento de tecnologia, na indústria associada ao espaço, nomeadamente no desenvolvimento da aeronáutica", diz.
Para o astrónomo, "a médio prazo, abre possibilidade de tornar mais acessível a exploração do espaço, em geral, quer seja para fins científicos, quer seja para fins industriais ou económicos".
Ouça as declarações de Mário João Monteiro à TSF
O astrónomo refere que esta aposta privada no espaço pode ter um "impacto positivo", permitindo "talvez até encurtar os prazos que estão por trás daquilo que será a expectativa da Humanidade de, por exemplo, habitar a lua, ou ir a Marte, ou ir a um dos outros corpos do sistema solar".
Mário João Monteiro lembra que ir ao espaço "é um luxo": "É uma oportunidade para uma minoria, que pela capacidade financeira que tem vai estar a financiar desta forma o desenvolvimento da tecnologia."
* Notícia atualizada às 18h05