"A Europa está a perder influência e oportunidades em África"

A eurodeputada belga Assita Knato, natural do Burkina Faso, afirma que a Europa tem 60 anos de atraso em África.

Bruxelas acolhe esta quinta e sexta-feira a sexta cimeira União Europeia - União Africana. A cooperação em áreas como a educação e Cultura, alterações climáticas, migrações, direitos humanos, financiamento, mas também a segurança e defesa ou a gestão sanitária da pandemia, são alguns dos tópicos para a discussão nestes dois dias.

A TSF conversou em Bruxelas com a eurodeputada belga, Assita Kanko propósito da cimeira UE-África. Assita Kanko é crítica sobre a forma como a União Europeia se relaciona com o continente africano.

A eurodeputada, natural do Burkina Faso critica o que classifica uma "mentalidade do passado", numa Europa que perde "oportunidades" em África, ao apostar em estratégias que entende serem erradas.

Considera que a Europa tem décadas de atraso na forma de se relacionar com o continente africano, deixando espaço a outros atores globais para se imporem na região.

"A Europa ainda está adormecida. Há um pouco de sonambulismo no caos. O jiadismo tem progredido, especialmente no Sael em África. A região foi tomada pelos jiadistas e pelos autocratas da Rússia, enquanto Erdogan anda a circular para falar sobre negócios com a Turquia", lamenta, apontando a "falha" à União Europeia.

"Falhamos porque temos uma abordagem muito conservadora na relação com a África. Apenas queremos ajudar, em vez de trabalhar com África", critica.

O tom crítico estende-se até à proposta de Bruxelas para investir em África 150 mil milhões de euros nos próximos sete anos, conforme anunciou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, antes da cimeira, num périplo por vários países do continente africano.

"Para mim é um déjà vu. É um sentimento muito triste, o que tenho. Não fico só triste, mas também furiosa. É uma enorme falta de respeito pelo potencial humano e falta de consciência da realidade. Porque, são coisas que nunca funcionaram, porquê continuar a fazê-las?", questiona.

"Esta forma de fazer as coisas é, realmente, a velha escola dos anos 60. Mas, hoje estamos em 2022. Então a Europa está 60 anos atrasada em África. A Europa pensa que o que tem a ver com a África é para a África, mas na verdade também é para a Europa", afirma, defendendo "uma parceria vantajosa para ambos".

"A Europa está a perder influência e oportunidades", considera a eurodeputada.

Assita Kanko entrou na política como ativista pelos direitos das mulheres, destacando-se em campanhas contra a mutilação genital feminina, para que outras crianças não tenham a experiência que ela própria carrega.

Chegou à Europa no início do milénio, com 21 anos. Em 2019, foi eleita para o Parlamento Europeu. Integra o grupo dos conservadores e reformistas.

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