Responsável pela estratégia de vacinação da EMA confirma ligação entre AstraZeneca e tromboses

Especialistas ainda não sabem o que provoca essa reação.

Marco Cavaleri, um alto responsável da Agência Europeia do Medicamento (EMA), afirma que há uma ligação entre a vacina da AstraZeneca e os casos de trombose registados em pessoas vacinadas com esse medicamento para a Covid-19. Inicialmente apontou-se para a divulgação desta avaliação ainda esta terça-feira, mas a EMA adiou o anúncio das conclusões.

No entanto, segundo as declarações de Cavaleri ao jornal italiano Il Messaggero, ainda não se sabe o que provoca essa reação.

"Ainda não o sabemos. Nas próximas horas diremos que existe um vínculo, mas ainda temos de perceber como acontece. Estamos a tentar ter um quadro preciso do que está a acontecer. Entre as pessoas vacinadas registou-se um número de casos de trombose cerebral entre jovens superior ao que esperávamos. Vamos ter que afirmar isto", explicou Marco Cavaleri, citado pelo site espanhol El Mundo.

Ao início da tarde, em declarações à AFP, o comité de segurança da agência, com sede em Amesterdão, "ainda não chegou a uma conclusão e a revisão está atualmente em curso". Paralelamente, a agência europeia informou que uma decisão sobre esta matéria deve apenas ser anunciada nos próximos dois dias.

O regulador europeu já tinha anunciado que iria falar no início de abril sobre os 62 casos de tromboses venosas que as pessoas vacinadas com a AstraZeneca sofreram.

A Alemanha e os Países Baixos, por precaução, suspenderam nos últimos dias a vacinação com a AstraZeneca a menores de 60 anos, preferindo aguardar por esta avaliação.

"A questão crucial permanece, se são queixas pós ou pré-vacinação. Devemos ir com cautela. É prudente fazermos uma pausa como precaução", afirmou Hugo de Jonge, ministro holandês da Saúde, acrescentando que "não pode haver dúvidas sobre a segurança" das vacinas.

Há várias semanas foram detetadas suspeitas sobre possíveis efeitos colaterais graves, embora raros, entre as pessoas vacinadas com o fármaco da AstraZeneca. Seriam casos de trombose atípica, incluindo alguns que provocaram a morte. No Reino Unido foram registados 30 casos e sete mortes num total de 18,1 milhões de doses administradas, até 24 março.

Para a EMA "não se demonstrou um vínculo causal com a vacina", afirmou há algumas semanas a diretora executiva da agência, Emer Cooke. De acordo com os conhecimentos científicos da altura, "não há provas que apoiem a restrição do uso desta vacina em nenhuma população".

Já para Paul Hunter, especialista em microbiologia médica da Universidade de East Anglia, entrevistado pela AFP, "a evidência aponta mais para a vacina Oxford-AstraZeneca como causa".

Como precaução, vários países determinaram a aplicação desta vacina apenas a algumas faixas etárias, como foi o caso da França, Alemanha, Países Baixos e Canadá.

Para a AstraZeneca, por sua vez, os benefícios da vacina na prevenção da Covid-19 superam os riscos dos efeitos colaterais. O laboratório anglo-sueco ressalvou, no sábado, que a "segurança do paciente" é a sua "principal prioridade".

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2 862 002 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LEIA AQUI TUDO SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19

Notícia atualizada às 16h08

Recomendadas

Outros Conteúdos GMG

Patrocinado

Apoio de