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Nos últimos 20 anos, desapareceram mais de metade dos coalas que viviam na costa leste da Austrália.
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De 185 mil no ano 2001, passaram para 92 mil no ano passado. E se nada for feito, podem estar extintos em 2050.
As previsões dos investigadores levaram o governo australiano a classificar os coalas como espécie em risco, o que vai permitir reforçar as medidas de protecção nos estados de Nova Gales do Sul e Queensland.
Em entrevista à TSF, a dirigente do Fundo Internacional para o Bem-estar Animal (IFAW), Josey Sharrad, lembra que há dois anos que os ambientalistas defendiam esta classificação, mas, "na verdade, é um anúncio agridoce", porque "é triste que os coalas estejam mais um passo à frente, no caminho da extinção. Nunca devíamos ter deixado que as coisas chegassem a este ponto", lamenta a directora do IFAW.
Os marsupiais, que são um símbolo da fauna australiana, "já viviam no limite antes dos incêndios florestais", explica Josey Sharrad, mas os últimos fogos "foram a última gota de água. Atingiram uma população de coalas já em declínio, matando milhares. Sofreram queimaduras, inalação de fumos e os que sobreviveram, não tinham para onde ir porque o habitat ficou tão queimado".
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O governo da Austrália comprometeu-se com uma verba de 36 milhões de dólares norte-americanos (cerca de 32 milhões de euros) na preservação da espécie, mas Josey Sharrad receia que "todo o dinheiro do mundo não salve os koalas, até que ataquemos o que está na raiz do problema, que é a perda de habitat. Até que paremos de destruir o habitat, tudo o resto é um penso rápido". A dirigente do IFAW salienta que a medida é "muito simples. Os coalas precisam de árvores para sobreviver, para se alimentarem, para se reproduzirem e viverem. Portanto, o que precisamos de fazer é parar de cortar árvores. Isto é uma emergência para os coalas e precisamos de tomar medidas de emergência". No entanto, Josey Sharrad recorda que a Austrália tem a pior taxa de extinção de mamíferos. "Já vimos outras espécies icónicas extinguirem-se, como o tigre da Tasmânia. Não podemos deixar que o coala se junte a essa lista. Uma Austrália sem coalas é simplesmente impensável", frisa a directora do IFAW.
Josey Sharrad espera que a classificação dos coalas como espécie em risco seja um ponto de viragem. "Estamos naquele momento na história em que podemos ir no caminho da extinção ou fazer marcha atrás. Se formos por esta estrada, (no futuro) a única forma de vermos coalas será no jardim zoológico", alerta.