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O papa emérito Bento XVI admitiu, esta segunda-feira, ter fornecido informações erradas a um inquérito alemão sobre a sua presença numa reunião de 1980 em que se discutia um caso de pedofilia, culpando um "descuido" de edição.
"Lamenta muito esse erro e pede desculpa", refere o secretário pessoal de Bento XVI, Georg Ganswein, numa declaração citada pela agência noticiosa KNA e republicada pelo Vatican News.
Contudo, na declaração insistiu que não foi tomada qualquer decisão, na reunião, sobre a recolocação do padre em funções pastorais. Um relatório independente datado da última semana concluiu que Bento XVI, que se demitiu em 2013, não conseguiu deter deliberadamente quatro padres acusados de abuso sexual de crianças nos anos 80.
O relatório do escritório de advogados Westpfahl Spilker Wastl (WSW) foi encomendado pela arquidiocese de Munique e Freising para examinar a forma como os casos de abuso foram tratados entre 1945 e 2019.
O papa emérito Bento XVI - cujo nome civil é Joseph Ratzinger - foi o arcebispo de Munique de 1977 a 1982.
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Num caso, um padre chamado Peter Hullermann foi transferido de Essen, na Alemanha Ocidental, para Munique, onde tinha sido acusado de ter abusado de um rapaz de 11 anos.
Hullermann foi transferido para funções pastorais, apesar do seu historial, continuando a ser reincidente no crime durante muitos anos.
Os advogados disseram que "para nossa surpresa", Bento XVI tinha negado assistir à reunião em 1980, na qual foi tomada a decisão de admitir Hullermann na diocese, apesar de ter sido citado diretamente na ata da reunião.
O secretário pessoal de Bento XVI ainda acrescentou: "Ele gostaria de deixar claro agora que, ao contrário do que foi afirmado na audiência, ele participou na reunião ordinária a 15 de Janeiro de 1980".
"A declaração que diz o contrário foi, portanto, objetivamente incorreta", acrescentou, embora insistindo que "não foi feita por má-fé, mas foi o resultado de um lapso na edição da declaração".
"Objetivamente correta, porém, continua a ser a declaração, documentada pelos autos, de que na sua reunião não foi tomada qualquer decisão sobre uma missão pastoral do padre em questão", afirmou.
"Pelo contrário, apenas o pedido de lhe proporcionar alojamento durante o seu tratamento terapêutico em Munique foi concedido." A declaração afirmava que se seguiriam outras explicações, mas Bento XVI, de 94 anos, que se diz estar com a saúde fragilizada, ainda está a ler o relatório do inquérito.
"Neste momento, ele está a ler cuidadosamente as declarações aí contidas, que o enchem de vergonha e dor sobre o sofrimento infligido às vítimas", explica-se.