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O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a aconselhar os seus cidadãos na Ucrânia a deixarem o pais, lembrando que um possível conflito entre as forças norte-americanas e russas será uma "guerra mundial".
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Numa entrevista ao canal NBC News, o chefe de Estado norte-americano voltou a emitir um alerta para os cidadãos do seu país na Ucrânia.
"Os cidadãos norte-americanos devem sair agora", referiu Biden.
"Não é como se estivéssemos a lidar com uma organização terrorista. Estamos a lidar com um dos maiores Exércitos do mundo. É uma situação muito diferente e as coisas podem enlouquecer rapidamente", acrescentou.
Ouça aqui as explicações do jornalista Rui Polónio
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Questionado sobre quais cenários é que podiam leva-lo a enviar militares para resgatar norte-americanos em fuga do país, Biden atirou que "não existem".
"Esta será uma guerra mundial quando os norte-americanos e a Rússia começarem a atirar uns nos outros", frisou.
"Estamos num mundo muito diferente do que já estivemos", apontou ainda.
O editor de internacional da TSF, Ricardo Alexandre, estranha que Washington ponha em cima da mesa um cenário de guerra para lá de uma dimensão regional e questiona se haverá acerto entre os EUA e a Europa no modo como o ocidente está a lidar com a crise na Ucrânia. No entanto, o jornalista sublinha as circunstâncias em que as tomadas de posição da administração norte-americana estão a acontecer.
Ouça o comentário de Ricardo Alexandre
Já José Pedro Teixeira Fernandes, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, considera à TSF que as palavras de Joe Biden e Antony Blinken podem ser interpretadas como uma forma de dizer que os esforços diplomáticos europeus estão destinados ao fracasso. O professor de Ciencia Política acredita que a estratégia de comunicação do governo norte-americano está a prejudicar os interesses ucranianos.
Ouça as declarações de Teixeira Fernandes à TSF
Na quinta-feira o Departamento de Estado tinha emitido um aviso de que os Estados Unidos "não poderão evacuar cidadãos norte-americanos em caso de ação militar russa em qualquer lugar da Ucrânia".
Em caso de conflito na Ucrânia, o serviço consular regular seria "severamente impactado", explicava.
Na quarta-feira, a Casa Branca aprovou um plano do Pentágono para que os seus militares destacados na Polónia construam abrigos temporários e possam auxiliar cidadãos norte-americanos numa eventual retirada da Ucrânia, em caso de invasão pela Rússia.
Este plano envolveria os 1.700 militares que o chefe de Estado norte-americano autorizou que fossem destacados para a Polónia na semana passada.
Estas tropas, da 82.ª Divisão Aerotransportada, não estão autorizadas a entrar na Ucrânia em caso de conflito, e não há planos para que participem em operações de evacuação aérea, como as que ocorreram no Afeganistão, segundo revelaram fontes oficiais ao canal televisivo CNN.
Mas nos próximos dias estes militares vão construir abrigos, como tendas e outras instalações temporárias, na fronteira polaco-ucraniana, segundo noticiou também a CNN e o The Wall Street Journal.
Segundo uma avaliação militar e da inteligência norte-americana, os militares russos podem lançar uma invasão em grande escala, com tanques, que poderiam chegar à capital ucraniana, Kiev, em 48 horas.
Biden realçou ainda que se Putin é "tolo o suficiente para entrar, ele é inteligente o suficiente para, de facto, não fazer nada que possa impactar negativamente os cidadãos norte-americanos".
Questionado se transmitiu essa ideia ao chefe de Estado russo, Biden respondeu que "sim".
A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira ucraniana para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da NATO.