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O Presidente dos Estados Unidos relativizou esta quinta-feira o aumento do fluxo migratório registado na fronteira norte-americana com o México, afirmando que tal situação "acontece todos os anos" e não está relacionada com as políticas migratórias da atual administração.
"Todos os anos, há um aumento significativo das chegadas à fronteira no inverno", porque os migrantes "têm menos probabilidades de morrer de calor no deserto", afirmou Joe Biden na sua primeira conferência de imprensa desde que tomou posse no passado dia 20 de janeiro.
Os republicanos têm acusado o Presidente Joe Biden (democrata) de encorajar milhares de migrantes, muitos deles menores não acompanhados, a tentarem entrar nos Estados Unidos da América (EUA), ao relaxar as políticas migratórias do seu antecessor Donald Trump (republicano).
Joe Biden argumenta que o aumento do fluxo migratório já tinha começado antes da sua entrada na Casa Branca.
"Não vou pedir desculpa por abolir políticas que violavam o Direito Internacional e a dignidade humana", acrescentou.
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Assim que tomou posse, Joe Biden suspendeu as deportações de migrantes indocumentados durante um período de 100 dias e apresentou um projeto-lei que visa abrir caminho à atribuição da cidadania a migrantes.

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No início de fevereiro, o Presidente Biden assinou um decreto a suspender novos registos no programa Protocolos de Proteção ao Migrante (MPP, na sigla em inglês), também conhecido por "Permanecer no México", que tinha sido instituído por Donald Trump.
No âmbito desse programa, cerca de 68.700 pessoas foram devolvidas ao México para aguardarem resposta ao seu processo de pedido de asilo.
Em 19 de fevereiro, a administração Biden retomou o processamento de 25.000 requerentes de asilo regressados ao México ao abrigo do MPP.
Muitas destas pessoas são oriundas de países da América Central, como Honduras, El Salvador, Nicarágua ou Guatemala, e as imagens de grandes caravanas de migrantes a tentarem chegar ao território norte-americano marcaram o ano de 2019.
Acusado de atrair os migrantes com uma imagem de "tipo simpático", Joe Biden admitiu que a ideia é até "lisonjeira", contrapondo, porém, que não é essa a verdadeira razão do fluxo.
"As pessoas deixam as Honduras, Guatemala ou El Salvador por causa dos sismos, das inundações, da falta de alimentos e da violência de grupos organizados", sublinhou.
Em fevereiro, mais de 100 mil migrantes irregulares foram detidos na fronteira sul dos EUA, incluindo quase 10 mil menores desacompanhados.
Em janeiro, tinham sido verificadas 78.442 detenções de migrantes irregulares.
No mês corrente, as chegadas registaram um novo aumento.
Mais de 15 mil menores desacompanhados estão atualmente sob a custódia das autoridades norte-americanas, de acordo com dados atualizados e publicados na terça-feira.
Entre estes menores, quase 5.000 estão em instalações junto da fronteira que não reúnem condições adequadas para acolher crianças e jovens.
Na quarta-feira, Joe Biden encarregou a gestão deste difícil e sensível dossiê à vice-Presidente norte-americana, Kamala Harris.

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"Estou a dar-lhe uma tarefa difícil", disse Biden durante uma reunião na Casa Branca, com a vice-Presidente ao seu lado.
"[Kamala Harris] concordou em liderar este esforço diplomático", acrescentou, referindo-se às conversações com o México, mas também com os países da América Central de onde são oriundos a maior parte dos menores que tentam alcançar o território norte-americano.
Em resposta, a vice-Presidente norte-americana afirmou: "É inegável que esta situação representa um verdadeiro desafio".
A administração norte-americana democrata tem recusado usar a palavra "crise" para descrever a situação na fronteira.
Uma delegação composta por congressistas e responsáveis da Casa Branca visitou na quarta-feira um centro de acolhimento de migrantes em Carrizo Springs, no estado do Texas, perto da fronteira.