Bolsonaro recusa esclarecer alegadas irregularidades na compra de vacinas

A Comissão Parlamentar de Inquérito pede que o Presidente do Brasil se posicione a propósito das suspeitas de corrupção que envolvem o seu executivo na negociação da vacina indiana Covaxin.

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, recusou na quinta-feira responder a um pedido de esclarecimentos sobre alegadas irregularidades na compra de vacinas feito pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), afirmando que "não responderá a esse tipo de gente".

Três senadores que integram a CPI, instaurada no Senado brasileiro para investigar alegadas falhas do Governo na gestão da pandemia, enviaram na quinta-feira uma carta a Bolsonaro, a pedir um posicionamento sobre as suspeitas de corrupção que envolvem o seu executivo na negociação da vacina indiana Covaxin.

"Eu não vou responder a esse tipo de gente. Em hipótese alguma. Não estão preocupados com a verdade, mas sim em desgastar o Governo. Renan [Calheiros, relator da CPI] é aliado do Lula [ex-presidente do Brasil]e quer a volta [ao poder] a todo preço. Então, não vou responder nada para esses 'caras' [sujeitos]", disse Bolsonaro na sua habitual transmissão em vídeo na rede social Facebook.

"Fizeram uma festa lá, na Presidência, entregando um documento para eu responder a perguntas para a CPI. Sabe qual a minha resposta, pessoal? Caguei. Caguei para a CPI", acrescentou, com dureza, o mandatário, recorrendo a linguagem considerada de baixo calão pela imprensa local.

A carta enviada a Bolsonaro é assinada pelo presidente da CPI, Omar Aziz, por Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI, e pelo relator, Renan Calheiros, que apelaram ao mandatário que se posicione de forma "clara" e "cristalina".

"Rogamos que se posicione de maneira clara, cristalina, republicana e institucional, inspirando-se no Salmo tantas vezes citado nas suas declarações em jornadas pelo país: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertarás'", diz a carta.

"Solicitamos em caráter de urgência, diante da gravidade das imputações feitas a uma figura central desta administração, que vossa Excelência desminta ou confirme o teor das declarações acrescentaram os senadores no documento.

Em causa está um depoimento prestado na CPI, no mês passado, pelo deputado Luis Miranda, que integrou a base de apoio do Governo, e pelo irmão, Luis Ricardo Miranda, chefe de importação do Ministério da Saúde, que denunciaram pressões indevidas e supostas irregularidades no contrato de intenção de compra firmado entre o Governo e a Bharat Biotech para a aquisição de 20 milhões de doses da vacina Covaxin.

Os irmãos Miranda afirmaram terem dado conhecimento das alegadas irregularidades a Bolsonaro, que, por sua vez, terá prometido pedir uma investigação à Polícia Federal, mas não o fez, o que lhe valeu um inquérito pela suposta prática do crime de prevaricação.

Na sua transmissão no Facebook, Bolonaro voltou a atacar senadores independentes e de oposição da CPI e referiu-se ao núcleo central da Comissão como "imbecil", "hipócrita" e "analfabeto".

O chefe de Estado afirmou ainda que o trabalho da CPI interfere no preço dos combustíveis e na Bolsa de Valores de São Paulo.

"Que resposta posso ter para CPI que não quer colaborar com nada? Apenas desgastar o Governo, criar um caos e, quando eles mexem, de vez em quando, tem certa reverberação. Mexe na bolsa, faz aumentar preço do petróleo, do combustível por tabela, que é atrelado ao preço do barril lá fora", argumentou.

A CPI foi instalada no Senado brasileiro em 27 de abril para investigar alegadas falhas e omissões do Governo de Bolsonaro na gestão da covid-19, como recusa e demora na compra de vacinas, defesa de medicamentos sem eficácia contra a doença e, nas últimas semanas, tem-se focado em alegados esquemas de corrupção para compra de imunizantes.

O Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia, totaliza 530.179 mortes e mais de 18,9 milhões de casos positivos de covid-19.

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