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O mundo ainda vai a tempo de desativar a bomba-relógio das alterações climáticas. Foi esta uma das principais ideias de Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, na abertura da Cimeira do Clima.
Em Glasgow, perante líderes de 120 países, o primeiro-ministro britânico dramatizou o discurso. "A raiva e a impaciência do mundo serão incontroláveis se não fizermos desta cimeira de Glasgow o momento em que caímos na realidade sobre as alterações climáticas, e podemos, podemos cair na realidade sobre o carvão, os carros, o dinheiro e as árvores."
"Podemos não nos sentir um James Bond, mas temos a oportunidade e o dever de fazer desta cimeira o momento quando a Humanidade começou a desarmar essa bomba, o momento quando começámos irrefutavelmente a virar a maré e a lutar contra as alterações climáticas", declarou o primeiro-ministro do Reino Unido, país anfitrião da cimeira.
Caso contrário, "todas as promessas terão sido apenas 'blá blá blá' e a raiva e a impaciência do mundo serão impossíveis de conter", alertou, defendendo que a COP26 é o momento de as dezenas de chefes de Estado e governo presentes em Glasgow usarem a sua "criatividade, boa vontade e imaginação".
A observá-los estão "milhares de milhões de olhos desconfiados, nervosos e desencantados e ainda milhares de milhões de olhos dos que ainda não nasceram", que olharão para trás "com raiva ainda maior" se a cimeira os desiludir.
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Johnson afirmou que a maneira de "desarmar a máquina do apocalipse" é conhecida e inclui acabar com a utilização de carros com motores de combustão interna, acabar com as centrais elétricas a carvão, travar e reverter a desflorestação e reunir o dinheiro necessário para os países mais pobres poderem fazer o mesmo.
"Temos a tecnologia para desativar essa bomba-relógio", asseverou ainda Boris Johnson, que já tinha, no domingo, apelado ao total empenho no encontro da COP26: "Se Glasgow falhar, tudo falhará. O Acordo de Paris terá desmoronado à primeira vista, o único mecanismo do mundo, o mecanismo viável para lidar com as alterações climáticas. Ficará abaixo da linha de água. Neste momento, o Acordo de Paris e a esperança que trouxe são apenas um pedaço de papel."
Ouça as declarações de Boris Johnson.
Aguarda-se com expectativa a intervenção do Presidente norte-americano, marcada para esta tarde. Joe Biden deverá afirmar que os Estados Unidos da América querem voltar à liderança do combate global às alterações climáticas.
Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus Celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de Covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.