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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sublinhou esta segunda-feira que a relação do Reino com a França é "indelével", apesar da fúria de Paris causada pela venda de submarinos norte-americanos aos australianos, no âmbito do pacto AUKUS.
"O nosso amor pela França é indelével", disse Johnson aos jornalistas que viajam com o primeiro-ministro para Nova Iorque, onde o primeiro-ministro britânico irá participar na Assembleia-Geral da ONU.
"O AUKUS não pretende ser de soma zero, não pretende ser excludente. Não é algo com que alguém precise se preocupar, especialmente os nossos amigos franceses", acrescentou.
O pacto AUKUS (entre EUA, Austrália e Reino Unido) tem como objetivo reforçar a cooperação trilateral em tecnologias avançadas de defesa, como a inteligência artificial, sistemas submarinos e vigilância a longa distância.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, James Cleverly, disse hoje que "todas as relações bilaterais passam por períodos de tensão".
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"Ao nível pessoal, não tenho absolutamente alguma dúvida de que, em última análise, a nossa relação com a França vai perdurar", disse Cleverly à BBC.
"Mas este (negócio dos submarinos) é para garantir que tenhamos uma relação de defesa realmente forte com dois parceiros de defesa muito, muito importantes", sublinhou o ministro britânico.
A ministra da Defesa de França, Florence Parly, cancelou um encontro agendado para esta semana com o seu homólogo britânico, Ben Wallace, no contexto da crise diplomática causada pelo cancelamento de um contrato de venda de submarinos franceses à Austrália.
Os meios de comunicação da França publicaram hoje que o cancelamento ocorreu a pedido de Parly, como forma de expressar insatisfação com o caso dos submarinos, no qual Londres desempenhou um papel secundário.
A França tinha um contrato para a entrega à Austrália de 12 submarinos com propulsão convencional no valor de 56 mil milhões de euros, que foi cancelado por Camberra no âmbito do pacto assinado com os Estados Unidos e Reino Unido, tendo a Austrália resolvido adquirir submarinos nucleares a Washington.
Paris expressou novamente a sua insatisfação com os três países signatários do pacto AUKUS [anunciado na quarta-feira], depois de na sexta-feira o Presidente de França, Emmanuel Macron, tomar a decisão de chamar os embaixadores em Washington e Camberra para consultas.
Uma medida sem precedentes que as autoridades francesas justificaram com o que consideram uma "traição" dos três países aliados tradicionais que significou para a França uma grave quebra de confiança.