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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediu nesta quarta-feira desculpas pelo conteúdo de um vídeo que mostrava assessores a gracejar sobre uma alegada festa de Natal em Downing Street, mas a oposição questionou a "autoridade moral" para se manter em funções.
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Na abertura do debate semanal no Parlamento, Johnson afirmou que estava "furioso" com as imagens e que pediu ao chefe de gabinete para que investigue as alegações sobre uma festa no edifício da residência oficial, contrariando as regras do confinamento na altura.
"Eu compreendo e partilho a raiva em todo o país ao ver funcionários do Número 10 [de Downing Street] parecendo fazer piadas sobre as medidas de confinamento, e percebo que deve ser exasperante pensar que as pessoas que têm definido as regras não respeitaram as regras, porque também fiquei furioso ao ver aquele vídeo", afirmou.
O chefe do Governo prometeu "ação disciplinar para todos os envolvidos" se for descoberto que as regras, que não permitiam encontros sociais em espaços fechados na altura, foram desrespeitadas.

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"Peço imensas desculpas pelo insulto que tem causado em todo o país e peço desculpa pela impressão que dá. Mas eu repito que me foi garantido, desde que essas alegações surgiram, de que não houve festa e que nenhuma regra Covid foi violada", acrescentou.
Um vídeo interno obtido e divulgado pela estação ITV mostra a então porta-voz, Alegra Stratton, o assessor Ed Oldfield e outro colaborador a gracejar sobre uma "festa imaginária" durante os ensaios para uma conferência de imprensa.
No vídeo, datado de 22 de dezembro, Stratton é intimada a responder a perguntas sobre uma festa de Natal em Downing Street na sexta-feira anterior.
"Esta festa imaginária foi uma reunião de trabalho e não teve distanciamento social", brinca, entre risos e a piada de outro assessor de que "não foi uma festa, foi vinho e queijo".
O vídeo vem alimentar as alegações de que uma festa terá ocorrido na residência oficial do primeiro-ministro, em Downing Street, a 18 de dezembro, quando Londres estava sob restrições apertadas devido à crise de saúde e encontros sociais em espaços fechados entre duas ou mais pessoas eram proibidos.

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A notícia, inicialmente avançada pelo tabloide Daily Mirror na semana passada, foi entretanto repetida por fontes do Governo a outros meios de comunicação britânicos, que adiantaram detalhes como a participação de dezenas de pessoas que consumiram álcool e fizeram jogos.
Durante o debate, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, acusou Johnson de estar a tratar as pessoas como "idiotas" e que "até mesmo o primeiro-ministro deve perceber os estragos que ele fez à sua credibilidade para fazer cumprir as regras agora e no futuro".
"Este vírus não foi derrotado. Vamos enfrentar outros desafios", avisou, questionando a "autoridade moral [de Boris Johnson] para liderar e pedir ao povo britânico que cumpra as regras".
Para o líder parlamentar do Partido Nacional Escocês, Ian Blackford, o país encontra-se "à beira de outro precipício" devido ao perigo da variante Ómicron e que a liderança "é uma questão de vida ou morte", pedindo a Boris Johnson para se demitir.
O primeiro-ministro respondeu, acusando os opositores de "brincarem com a política".
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