Cargo de topo. Von der Leyen assume "preocupação" perante "acusações graves" de corrupção no Parlamento Europeu

Von der Leyen diz-se pronta para "agir" caso haja suspeitas sobre os membros do executivo comunitário.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen expressou hoje preocupação perante os resultados da investigação policial que resultou na acusação "grave" à vice-presidente do Parlamento Europeu, Eva Kaili por suspeita de envolvimento numa rede criminosa com ligações ao Catar.

"As acusações contra a Vice-Presidente do Parlamento Europeu são da maior preocupação. [São] muito graves", comentou a presidente da Comissão Europeia, considerando tratar-se de "uma questão de confiança das pessoas nas instituições e esta confiança (...) precisa de padrões mais elevados e de independência e integridade".

Von der Leyen admite que a Comissão Europeia mantém contactos regulares com o Catar para tratar de "questões globais como as alterações climáticas, (...) questões regionais como a paz e estabilidade no Afeganistão e no Médio Oriente e em questões bilaterais como a diversificação para nos afastarmos da Rússia e dos combustíveis fósseis russos".

Durante a crise energética, os políticos europeus têm procurado não hostilizar o país que é um dos maiores produtores de gás natural liquefeito. Mas, Von der Leyen garante que as conversações também abordam em temas sensíveis.

"A União Europeia continua a ser voz ativa nas questões em que vemos problemas, por exemplo, através do diálogo regular sobre direitos humanos que temos e que tem lugar ao nível de altos funcionários, a nível oficial", afirmou.

Onda de choque

Recentemente, na inauguração do Mundial, o vice-presidente da Comissão Europeia, Margaritis Schinas deslocou-se ao país, visto como um fornecedor alternativo ao gás russo. As afirmações do grego tem sido encaradas como amistosas em relação ao país amplamente criticado em matéria de direitos humanos e de direitos laborais.

Von der Leyen garante que os serviços da Comissão estão já a verificar os registos de transparência para se certificarem que a onda de choque não atinge o executivo comunitário, e garantir que os contactos com o Catar não são suspeitos.

"Estamos a verificar do nosso lado o Registo de Transparência que temos onde são publicadas todas as reuniões de membros do colégio e membros dos seus gabinetes com representantes de [grupos] interesses", afirmou a presidente, questionada se apoiaria as manifestações a favor do Catar, expressas publicamente pelo vice-presidente da Comissão Europeia, o grego, Margaritis Schinas.

"Penso que enquanto não houver novas informações, está tudo normal. Mas de facto, se ocorrer qualquer tipo de nova informação, teremos de agir e reagir a isso", assegurou a chefe do executivo comunitário.

Investigação

A política belga lançou uma operação, na sexta-feira, na qual resultou a detenção em "flagrante delito" da vice-presidente do Parlamento Europeu, a grega, Eva Kaili, que se encontra sujeita à medida de coação máxima, presa preventivamente desde este domingo. O marido da deputada também fica em prisão preventiva, assim como o ex-eurodeputado António Panzeri.

Eva Kaili está acusada de "corrupção, lavagem de dinheiro e de participar numa organização criminosa". O pai da eurodeputada Eva Kaili também é visado na operação iniciada na sexta-feira. Alexandros Kailis foi apanhado à saída de um hotel em Bruxelas transportando uma mala de notas, mas foi libertado no domingo. Outro dos visados é o secretário-geral da Confederação Internacional de Sindicatos, Luca Visentini, que também foi libertado.

Segundo a lei belga, as detenções para determinar medidas de coação, não podem ir além das 48 horas. O presidente da Confederação Internacional de Sindicatos, Luca Visentini foi libertado, mas com medidas de coação.

Na sexta-feira, a polícia belga realizou buscas em 16 habitações em Bruxelas e na periferia da cidade, apreendeu um total de 600 mil euros em dinheiro, telemóveis e equipamento informático.

Os investigadores da Polícia Judiciária belga suspeitam há vários meses, que um país do Golfo possa estar a influenciar as decisões económicas e políticas do Parlamento Europeu.

As suspeitas apontam para ações levadas a cabo pelo Catar para contactar membros "com uma posição política e/ou estratégica significativa", gratificando-os com presentes e avultadas quantias em dinheiro, para influenciarem o Parlamento Europeu, nas posições sobre direitos humanos no catar.

Eva Kaili afirmou recentemente que o Catar é um "pioneiro nos direitos dos "trabalhadores. Estas afirmações foram proferidas depois de uma reunião com o ministro do Trabalho do Catar.

Como se sabe, tem havido inúmeras manifestações públicas internacionais de preocupação sobre as condições de trabalho no Catar, em particular para a construção dos estádios que acolhem o mundial de futebol.

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