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Pelo menos 141 pessoas morreram em resultado de inundações causadas por chuvas torrenciais na Europa, a maioria na Alemanha, e centenas de pessoas estão desaparecidas, segundo o último balanço das autoridades esta sexta-feira divulgado.
Na mais recente atualização, na Alemanha ocidental aponta para um amento do número de mortos para 118.
"Receio que só veremos a extensão total da catástrofe nos próximos dias", avisara já a chanceler, Angela Merkel, na quinta-feira à noite, em Washington, onde cumpre uma visita oficial.
Na Bélgica, o balanço provisório é de 23 mortos e quatro desaparecidos. Há cidades inteiras alagadas por uma água lamacenta.
As autoridades aguardam o pico da enchente no rio Meuse, na zona de Liège, ainda esta sexta-feira, apesar da chuva ter dado uma trégua durante a noite, em cheias sem precedentes em quase um século, na Bélgica. Da última vez que as ribeiras voltaram ao curso natural sobre as áreas habitacionais foi em 1926.
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Os transportes no sul do país estão fortemente afetados. A operadora ferroviária Infrabel prevê que possa levar "semanas", até que a circulação de comboios seja plenamente restabelecida.
Muitos dos acessos rodoviários estão alagados. Na zona de Liège, os túneis estão transformados em canais subterrâneos.
Mais de 20.000 habitações estão sem eletricidade. As autoridades já alertaram a população para a possibilidade da água canalizada ser imprópria para consumo.
Contudo, é a Alemanha que está a registar o maior número de mortos, com os números a aumentarem para 93, informaram esta sexta-feira as autoridades.
Em Rhineland-Palatinate, uma das regiões mais duramente atingidas, o número de mortos aumentou para 60, mas é provável que o balanço cresça devido ao número de desaparecidos na Renânia do Norte-Vestefália e na Renânia-Palatinado.
Só nesta última região, as autoridades disseram que ainda não tinham notícias de 1.300 pessoas que vivem no cantão mais atingido, Bad Neuenahr-Ahrweiler.
No entanto, um porta-voz citado pela jornal Bild atribuiu este número à inexistência de comunicações da rede telefónica, que está a impedir o contacto com muitos residentes.
Especificamente, "continuamos a contar com 40, 50 ou 60 pessoas desaparecidas e quando se tem pessoas de quem não se tem notícias há tanto tempo (...) é preciso temer o pior", disse o Ministro do Interior, Roger Lewentz, à televisão SWR.
"Como resultado, é provável que o número de vítimas aumente nos próximos dias", advertiu.
Espera-se que continue a chover em partes da Alemanha ocidental e o E o nível do rio Reno e de vários dos seus afluentes está a subir perigosamente.
Entretanto, mil soldados foram mobilizados para ajudar nas operações de resgate e limpeza das cidades e aldeias, que oferecem todos o mesmo espetáculo desolador: ruas e casas debaixo de água, carros virados, árvores arrancadas.
Em Ahrweiler, várias casas desmoronaram-se literalmente. Debaixo dos escombros, a cidade parece ter sido atingida por um tsunami, descreve um jornalista da AFP.
Euskirchen, um pouco mais a norte, é provavelmente uma das cidades mais afetadas, com pelo menos 20 mortes registadas. O centro da cidade parece um campo de ruínas, com as fachadas das casas literalmente arrancadas pelas cheias.
Além disso, uma barragem próxima está em risco de uma rotura.
As tempestades colocaram a questão do aquecimento global no centro da campanha eleitoral, que está a decorrer na Alemanha, com a votação parlamentar agendada para 26 de setembro.
"Estes eventos climáticos extremos são as consequências das alterações climáticas", disse o Ministro do Interior, Horst Seehofer, admitindo que a Alemanha deve "preparar-se muito melhor".
Todos os candidatos estão a tentar fazer promessas. "Isto significa que devemos acelerar as medidas de proteção climática - a nível europeu, nacional e global", defendeu o candidato do partido conservador de Merkel e favorito para a suceder nas sondagens, Armin Laschet.
Laschet assegurou esforços ainda de "mobilização nacional para reparar os danos".
Notícia atualizada às 12h09
*Com Lusa