Cientistas criam almôndega de carne de mamute

Os genes do mamute-lanoso são a base para a criação de uma almôndega produzida em laboratório. O objetivo é demonstrar o potencial da carne feita através de células animais.

Os genes do mamute-lanoso são a base para a criação de uma almôndega produzida em laboratório. O objetivo é demonstrar o potencial da carne feita através de células animais.

Uma almôndega de carne artificial foi criada em laboratório, através da utilização genética de uma espécie animal extinta desde a Era do Gelo, o mamute-lanoso (Mammuthus primigenius). Vestígios destes mamutes são regularmente encontrados sepultados no gelo do Ártico, o que permitiu aos cientistas envolvidos no projeto identificarem a sequência de ADN deste animal, através de um banco de dados de genoma. Às lacunas existentes, os investigadores complementaram com as informações de genoma de um elefante africano e com a utilização de uma proteína presente em mamíferos, a mioglobina.

Este projeto foi criado pela startup australiana Vow e engane-se quem pensa que vai conseguir provar. Esta iniciativa não é destinada ao consumo humano, uma vez que os investigadores não conseguem prever o potencial alérgico de uma proteína que não existe há mais de cinco mil anos. Segundo a CNN, o objetivo é chamar a atenção para o potencial da carne produzida em laboratório, de forma a tornar a alimentação mais ecológica e, ao mesmo tempo, trazer a debate público a utilização de alta tecnologia para a produção alimentar.

"Precisamos de começar a repensar como obtemos a nossa comida. A minha maior esperança para este projeto é que mais pessoas em todo o mundo comecem a ouvir falar da carne artificial", disse James Ryall, diretor científico da Vow, citado pela CNN.

No mundo, há mais de uma centena de empresas a trabalhar em produtos de carne produzida em laboratório e os especialistas acreditam que, no futuro, vai ser possível reduzir, profundamente, o impacto ambiental da produção de carne, responsável por um terço das emissões globais de gases com efeito de estufa. Contudo, ainda há um longo caminho a percorrer, uma vez que, através do relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação sobre o futuro da segurança alimentar, é possível verificar que, em 2022, houve um aumento da procura de produtos de origem animal.

Até ao momento, Singapura é o único país que aprovou a venda de carne produzido em laboratório, mas o Governo dos Estados Unidos também já abriu caminho, depois das autoridades norte-americanas terem considerado que um produto derivado de células animais é seguro para o consumo humano. A Food and Drug Administration, a agência federal do Departamento de Saúde dos EUA, permitiu, recentemente, que a empresa Upside Foods produza em laboratório carne artificial, com base em células vivas de galinhas, sem envolver o abate de nenhum animal.

A almôndega de mamute foi revelada na terça-feira numa cúpula de vidro no museu de ciências NEMO, nos Países Baixos.

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