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O chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, disse esta quarta-feira à agência Lusa que o Comando Militar Supremo da NATO na Europa vai elaborar "com urgência" um relatório de avaliação da atual situação junto à fronteira com a Ucrânia.
A decisão saiu da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos Estados-membros da NATO, de dois dias e que hoje terminou em Riga.
"O Comando Militar vai fazer uma avaliação dos riscos inerentes às movimentações russas (junto da fronteira) e deixámos uma mensagem de aviso à Federação Russa que qualquer ação destabilizadora da Ucrânia será vista com muita preocupação por parte dos aliados e desencadeará uma resposta", disse Augusto Santos Silva.
A avaliação, pedida ao general Tod D. Wolters, Comandante Supremo Aliado na Europa (SACEUR, na sigla em inglês), "foi pedida com urgência porque as informações que temos indiciam um aumento da presença militar russa junto da fronteira com a Ucrânia", acrescentou o chefe da diplomacia portuguesa.
A questão na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia foi um dos temas da reunião em Riga, tendo os chefes das diplomacias dos Estados-membros da NATO debatido o futuro conceito estratégico da organização, que será aprovado na próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo, a realizar em Madrid a 29 e 30 de junho de 2022.
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"O atual Conceito Estratégico foi aprovado na cimeira realizada em Lisboa, em 2010 e a NATO atualiza-o de 10 em 10 anos. Em Riga fizemos um debate sobre esse tema, registou-se o consenso de que a NATO deve manter três missões fundamentais: defesa coletiva, contribuir para a gestão de crises que podem existir e podem causar insegurança na área Euro-atlântica e contribuir, com outros parceiros, na segurança e cooperação em áreas como norte de África, Balcãs e outras regiões do mundo", salientou.
Santos Silva acrescentou que os aliados consideram ser "necessário retirar lições da intervenção no Afeganistão", porque, sublinhou, "o Conceito Estratégico deve ser mais claro, com objetivos previsíveis e realistas e evitar (intervenções) além do seu alcance e legitimidade".
Outro tema debatido em Riga foi a necessidade de atualizar o Conceito porque, explicou, "hoje em dia já não são apenas três os conceitos clássicos, como a força aérea, exército e marinha, há também as questões da cibersegurança e do domínio espacial".
O quarto tema foi a necessidade de definir as ameaças à NATO -- "uma organização puramente defensiva e que não foi criada para provocar" -, e que passam pelo terrorismo internacional e o "comportamento agressivo russo no flanco leste da organização".
"Na reunião em Riga foi também debatida a forma como se deve encarar a China e a posição cada vez mais assertiva" que o país asiático assume.
"Portugal defende que não há vantagem em definir a China já como uma ameaça. É um desafio que coloca riscos e também oportunidades", frisou Santos Silva.
A cooperação da NATO com a União Europeia foi igualmente debatida na reunião em Riga, tendo neste ponto participado o Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell.
"Debatemos a cooperação que a NATO e a UE têm e devem ter nos Balcãs Ocidentais para maior estabilidade da grande região Euro-atlântica", disse.