Comissão de inquérito a ataque ao Capitólio intima ex-conselheiro de Trump

A intimação da Câmara dos Representantes observa que Roger Stone falou sobre comícios no dia anterior ao ataque ao Capitólio e utilizou membros de um grupo de extrema-direita, os Oath Keepers, como guardas de segurança pessoal enquanto se manteve em Washington.

A comissão da Câmara dos Representantes que investiga ataque ao Capitólio, ocorrido a 6 de janeiro, intimou esta terça-feira o ex-conselheiro de Donald Trump Roger Stone e o teórico da conspiração norte-americano de extrema-direita Alex Jones.

Os congressistas estão a aprofundar as suas investigações sobre os comícios que precederam o ataque de centenas de manifestantes pró-Trump.

As intimações abrangem pedidos de documentos e depoimentos de Alex Jones e Roger Stone, bem como de três pessoas acusadas de organizar e promover os dois comícios que aconteceram a 6 de janeiro.

"A comissão de seleção está a procurar informações sobre os comícios e a marcha subsequente [...], que se transformou numa multidão violenta ao atacar o Capitólio e ao ameaçar a nossa democracia", disse o congressista Bennie Thompson, do Mississípi.

O também presidente da comissão da Câmara dos Representantes realçou que é preciso "saber quem organizou, planeou, pagou e recebeu fundos relacionados aos eventos, bem como que comunicações os organizadores tiveram com os funcionários da Casa Branca e do Congresso".

Roger Stone foi condenado por mentir ao Congresso sobre as suas intenções para reunir informações privilegiadas sobre 'e-mails' democratas hackeados pela Rússia, que foram divulgados pelo 'site' WikiLeaks durante as eleições presidenciais de 2016, sendo posteriormente perdoado por Donald Trump.

A intimação da Câmara dos Representantes observa que Stone falou sobre comícios no dia anterior ao ataque ao Capitólio e utilizou membros de um grupo de extrema-direita, os Oath Keepers, como guardas de segurança pessoal enquanto se manteve em Washington.

Num comunicado, Roger Stone disse que ainda não viu os detalhes da intimação, mas classificou qualquer alegação do seu envolvimento ao caso como "categoricamente falsa".

"Eu disse repetidamente que não tinha conhecimento prévio dos eventos que ocorreram no Capitólio naquele dia. Depois de receber a intimação e depois de o meu advogado analisar as solicitações, determinarei como irei proceder", adiantou o conservador.

A comissão da Câmara dos Representantes quer ouvir também Alex Jones, com Bennie Thompson a dizer que o teórico da conspiração ajudou a organizar o comício de 6 de janeiro no Ellipse antes do ataque ao Capitólio.

Um advogado que representou Alex Jones não respondeu um pedido de comentário da agência de notícias AP.

As outras três intimações foram emitidas para Dustin Stockton, Jennifer Lawrence e Taylor Budowich pelo suposto envolvimento na promoção e organização de comícios após a eleição presidencial de 2020 que promoveu informações falsas sobre os resultados eleitorais, incluindo o comício Ellipse que precedeu o ataque violento ao Capitólio.

Na passada quarta-feira, Steve Bannon, antigo conselheiro do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou-se inocente das acusações de "obstrução" à investigação da comissão da Câmara dos Representantes sobre o ataque ao Capitólio, ocorrido a 6 de janeiro.

O aliado próximo do ex-Presidente republicano, de 67 anos, foi indiciado por um crime de desacato, após se ter recusado a comparecer para um depoimento, e um outro por se recusar a fornecer documentos na sequência da intimação enviada pela comissão de investigação.

Segundo documentos judiciais consultados pela agência AFP, o ex-conselheiro de Trump declarou-se inocente destas acusações.

Depois de ter comparecido perante as autoridades na manhã de segunda-feira em Washington, Steve Bannon deve ser ouvido por um juiz federal na quinta-feira.

Um juiz dos Estados Unidos determinou na segunda-feira a libertação de Steve Bannon, mas ordenou que lhe fosse retirado o passaporte para prevenir a fuga do país.

Intimado pela comissão de investigação, de maioria democrata, o ex-conselheiro de Trump recusou-se a testemunhar invocando o direito dos presidentes de não revelarem o conteúdo de certos documentos e conversas.

A 6 de janeiro, centenas de manifestantes apoiantes do ex-presidente republicano investiram sobre a polícia para invadir o Capitólio e interromper a confirmação da vitória eleitoral de Joe Biden, na sequência de reiteradas acusações de Trump sobre a existência de fraude eleitoral generalizada, sem fundamentação credível.

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