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Um homem foi esta segunda-feira considerado culpado do homicídio do deputado britânico David Amess por esfaqueamento em outubro do ano passado e da preparação de atos terroristas.
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O júri demorou apenas 18 minutos a chegar ao veredicto no tribunal criminal de Old Bailey, em Londres, mas a sentença só será declarada na quarta-feira.
O deputado de Southend West foi esfaqueado mais de 20 vezes durante um encontro com cidadãos numa igreja em Leigh-on-Sea, no sul de Inglaterra, em 15 de outubro de 2021.
Ali Harbi Ali, de 26 anos, foi detido no local e confessou à polícia o que fez, mas declarou-se não culpado e recusou levantar-se para escutar o veredicto.
Na altura, justificou o ataque ao deputado com o seu voto a favor de ataques aéreos na Síria.
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"Matei-o porque ele fez mal aos muçulmanos", disse.
Frustrado por não ter ido lutar na Síria com o grupo extremista Estado Islâmico, o acusado decidiu que ia "tentar fazer algo aqui (no Reino Unido) para ajudar os muçulmanos de lá".
Segundo a comunicação social britânica, Ali Harbi Ali tinha participado recentemente num programa de educação contra a radicalização e não era considerado em risco pelos serviços de segurança.
Porém, foi descrito pela acusação como um "terrorista islâmico fanático e radicalizado", que preparou atos de terrorismo entre 1 de maio de 2019 e 28 de setembro de 2021.
A polícia descobriu que Ali pensou matar outros deputados, tendo circulado nas proximidades do Parlamento armado com uma faca, no verão passado, investigou vários políticos e chegou a observar a casa do ministro da Habitação, Michael Gove.
David Amess, de 69 anos, casado e pai de cinco filhos, representava a circunscrição de Southend West, no condado de Essex.
Era deputado desde 1983, católico, opositor ao aborto e defensor dos direitos dos animais, tendo também feito campanha pelo Brexit.
O Reino Unido registou vários ataques 'jihadistas' com facas nos últimos anos, alguns reivindicados pelo Estado Islâmico, mas o grupo não reivindicou o envolvimento na morte de Amess.
A morte do deputado reacendeu o trauma do homicídio da deputada trabalhista Jo Cox, em junho de 2016, baleada e esfaqueada várias vezes pelo ativista de extrema-direita Thomas Mair, uma semana antes do referendo no Reino Unido sobre a saída da União Europeia.
As duas tragédias desencadearam apelos para o reforço da segurança aos políticos e para estes refrearem o tom dos debates, que se agudizarem em torno de certos temas nos últimos anos, especialmente desde o 'Brexit'.