Diretor-geral da OMS admite parecer um disco riscado, mas não se cala

Em causa a defesa de uma distribuição equitativa das vacinas contra a Covid-19. Até agora apenas 3,5% da população do continente africano está totalmente protegida pelas vacinas.

Tedros Ghebreyesus diz que só três países africanos atingiram o objetivo de proteger totalmente 40% da população. Marrocos, Maurícias e Seicheles são a exceção à regra, no outro lado da lista estão países como a Eritreia ou o Burundi que não receberam qualquer vacina.

Tedros Ghebreyesus admite que o mundo pode estar cansado de o ouvir falar sempre da mesma coisa, "eu posso parecer um disco riscado, mas não me interessa. Vou continuar a apelar à igualdade na distribuição das vacinas até que seja uma realidade."

O diretor-geral da organização reafirmou que quanto mais desigualdade houver no acesso às vacinas, menos eficaz será a luta contra o vírus, mais vagas de Covid-19 haverá a nível mundial e mais variantes podem aparecer.

Na conferência de imprensa esta tarde esteve também o presidente do Afreximbank, o banco de importações e exportações que integra a task force africana para a compra de vacinas. Benedictus Oramah explicou que a criação dessa equipa mostra a determinação do continente em resolver o próprio problema. Ele recordou que África não quis ficar mais uma vez no fim da fila.

O responsável africano explicou que os acordos bilaterais entre os países mais ricos e as farmacêuticas têm impedido o sucesso africano na compra de vacinas.

A intervenção de Strive Masiyiwa, enviado da União africana para a Covid-19, foi no mesmo sentido. Ele quis deixar bem claro que os africanos não querem estar dependentes de donativos, querem comprar as próprias vacinas. Os donativos serão aceites mas Masiyiwa lembrou que a resposta global não tem sido a esperada.

O enviado da União africana apelou para que se ponha um fim à proibição imposta por alguns países à exportação de vacinas.

Para vacinar pelo menos 60% das pessoas o continente precisa de 800 milhões de doses, mas ainda só conseguiu garantir 400 milhões, que serão entregues nos próximos 12 meses.

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