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A imagem de uma ponte destruída, pelos próprios ucranianos, para impedirem a progressão dos soldados russos tornou-se um símbolo da resistência de Irpin.
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Meia hora depois de ter chegado à Ucrânia, António Costa estava incomodado e impressionado. "É muito duro de ver", confessava o primeiro-ministro, ainda entre ruínas. Ouviu os relatos de civis massacrados enquanto tentavam fugir, de escolas arrasadas e equipamentos públicos destruídos.
"A guerra tem regras, e a barbaridade está bem visível aqui", considerou Costa. O semblante não enganava. As imagens que já tinha visto pela televisão não eram "comparáveis" ao que estava a ver com os próprios olhos. Meia hora depois, de novo a caminho do centro da capital, o primeiro-ministro foi ao encontro de Volodymyr Zelensky. Uma hora de reunião e uma declaração conjunta. "Portugal está do lado certo da história", disse o presidente ucraniano, que agradeceu a ajuda de Portugal e pediu mais.
"Tudo o que nos ajudar a salvar vidas humanas é bem-vindo". Mas, a "lista" de pedidos da Ucrânia inclui mísseis, carros blindados para retirar pessoas de cidades ocupadas e ajuda para a reconstrução.

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Costa retribuiu em todos os domínios: 250 milhões de euros para reconstrução, que pode ser de "escolas e creches, para podermos assegurar o futuro às crianças e jovens ucranianos", anunciou que ontem mesmo, tinha aterrado na Polónia um avião com material militar "novo, comprado especificamente para ajudar a Ucrânia", e devolveu o relógio, dizendo que estava diante de um "líder que inspira", pela forma como, enquanto representante do seu povo, tem dado uma lição de "coragem e resistência" com o objetivo de manter a "integridade territorial de toda a Ucrânia". Toda. Costa reforçou a palavra. Prometeu apoio técnico português no processo de adesão da Ucrânia à União Europeia e deixou um recado aos parceiros. "A UE não pode dividir-se no apoio à entrada da Ucrânia".
Os encontros com o presidente do parlamento e com o homólogo ucraniano foram fechados aos jornalistas e, já no fim do dia, Costa ainda passou na embaixada de Portugal em Kiev. A representação diplomática nunca fechou. Um funcionário ficou a trabalhar e garantiu sempre o apoio possível a todos quantos bateram à porta da embaixada. António Costa trazia uma condecoração de Marcelo Rebelo de Sousa para Andryi Putilovski, a ordem da Liberdade. Um tributo por serviços prestado aos portugueses e luso-ucranianos nas primeiras semanas de guerra. Anunciou ainda o regresso do embaixador António Alves Machado a Kiev, depois de, nos últimos 87 dias, ter estado a despachar a partir de Varsóvia.
Talvez impressionado pela visita a Irpin e pela força que viu em Zelensky, Costa deixou Kiev com um discurso bélico: "a guerra só acaba quando a Rússia for derrotada".
Regressou a Portugal, dez horas depois de ter chegado, com um colete à prova de bala e umas botas militares a estrear.
E leva um convite de Zelensky a Marcelo para que visite Kiev.