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A Comissão Europeia propôs esta quarta-feira o sexto pacote de sanções contra a Rússia, que inclui o "embargo total ao petróleo" importado para países da União Europeia. Esta é uma proposta que ainda vai ter de ser aprovada pelo Conselho Europeu. A concretizar-se, este embargo total ao petróleo da Rússia não terá grande impacto e não passa de um gesto simbólico. A opinião é de Paulo Carmona, antigo presidente da entidade nacional para o mercado de combustíveis.
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"A Europa precisa muito pouco do petróleo russo. É muito fácil fazermos embargo a uma matéria-prima que nós não necessitamos muito. O petróleo russo, a nível mundial, conta com 5/6 milhões de barris numa exportação total de 80 milhões diários de barris. Não é um facto significativo, basta o Irão começar a bombar petróleo ou a Arábia Saudita começar a produzir mais petróleo. O embargo pode causar alguma mossa na Rússia, mas a Rússia, se não vender à Europa, venderá a outro país qualquer e a Europa pode perfeitamente fazer embargo a algo que não necessita desesperadamente. É um gesto simbólico, que poderá prejudicar de alguma forma a Rússia, mas pouco. E é muito fácil a Europa tomar este género de atitudes e de políticas sobre algo que nós não necessitamos", considera, em declarações à TSF.
Ouça aqui as declarações de Paulo Carmona à TSF

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Ursula von der Leyen explicou que a medida será aplicada por fases, até ao final do ano. Primeiro pelo petróleo bruto, depois os produtos refinados.
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"Será uma proibição total de importação de todo o petróleo russo, marítimo e por oleoduto, bruto e refinado", afirmou Von der Leyen, prometendo uma "eliminação gradual (...) de forma ordenada, para permitir que nós e os nossos parceiros garantam rotas alternativas de abastecimento e minimizem o impacto nos mercados globais".
"É por isso que eliminaremos gradualmente o fornecimento russo de petróleo bruto dentro de seis meses e produtos refinados até o final do ano", afirmou, esperando assim, "maximizar a pressão sobre a Rússia e, ao mesmo tempo, minimizamos os danos colaterais para nós e para os nossos parceiros em todo o mundo".
"Para ajudar a Ucrânia, a nossa própria economia precisa permanecer forte", justificou, convicta que "com todos estes passos, estamos a privar a economia russa de sua capacidade de diversificação e modernização".
"Putin queria varrer a Ucrânia do mapa. Ele claramente não terá sucesso. Pelo contrário: a Ucrânia levantou-se em unidade. E é seu próprio país, a Rússia, que ele está afundando", disse.
Von der Leyen reconhece que "não será fácil", já que "alguns Estados-Membros dependem fortemente do petróleo russo. Mas nós simplesmente temos que trabalhar sobre isto", acrescentou.