Sevguil Musaieva
Sevgil Musaieva

"Estamos a lutar e a resistir, mas não temos escolha. Não queremos viver para nos tornarmos uma parte da Rússia"

Sevgil Musaieva é uma jornalista ucraniana. Cresceu na Crimeia, é de origem tartar, licenciada pelo instituto de comunicação de Kiev, e é diretora do jornal online Ukrainska Pravda, um meio de comunicação independente na Ucrânia. Foi nomeada no ano passado uma das pessoas mais influentes na eleição anual da revista Time. Participa por estes dias no Congresso Internacional de Editores de Média, em Madrid, onde a TSF também está presente.

Questionada pela TSF sobre se este é um dos períodos da guerra mais duros que os ucranianos tiveram de enfrentar, Sevgil Musaieva responde:

"Sim, sim. Quer dizer, esta é uma guerra pelo direito à existência do nosso país. E, um ano depois, penso que toda a gente estava a pensar que talvez a Rússia fizesse tudo o que estivesse ao alcance para ocupar, por exemplo, Kyiv. E eles estavam à espera talvez de uma guerra rápida. Mas, sabem, nós já ganhámos neste aspeto. Estamos a lutar. Estamos a resistir, estamos a proteger o nosso país, sempre com numerosas vítimas entre os civis e os militares ucranianos. Mas, para nós, não temos escolha. Não queremos sair sob ocupação. Não queremos viver para nos tornarmos uma parte da Rússia. E, por isso, em tais condições, é preciso lutar. Temos de proteger o nosso país, temos de proteger a nossa terra, o nosso povo. E, sim, agora, antes do aniversário, há muitos rumores sobre novas invasões, novas ofensivas, do lado russo, mas estamos prontos para isso. Estamos agora a receber novas armas de países ocidentais. E esperamos que todos nós sonhemos que esta guerra acabe com a vitória ucraniana este ano. E o exército ucraniano, o povo ucraniano, os voluntários ucranianos e os meios de comunicação social ucranianos farão tudo o que estiver ao seu alcance para impedir a Rússia e para nos protegermos contra isso."

Qual é a importância desta visita do Presidente Zelensky ao Reino Unido, a Paris e a Bruxelas?

"Isto é importante, porque, como sabem, a vitória ucraniana não será possível sem aliados ocidentais, sem o apoio dos EUA, da Grã-Bretanha e da União Europeia. É por isso que penso que antes do primeiro aniversário, e antes desses rumores sobre a contraofensiva russa, queremos mostrar que estamos muito gratos pelo vosso apoio. Sem ele, a nossa resistência não seria possível. E, para que fique claro, ainda queremos fazer parte da União Europeia, ainda queremos fazer parte do desenvolvimento democrático ocidental. E pagamos um preço enorme por isso.

Este caminho para o desenvolvimento democrático não começou em 2022, nem mesmo em 2014. Foi iniciado em 2004, durante a revolta Maidan, e esperamos que depois da nossa vitória comum - não quero dizer-vos que será apenas a vitória da Ucrânia, será a nossa vitória comum, da civilização europeia e dos valores europeus contra a tirania e contra a ditadura - a Ucrânia tem de fazer parte da União Europeia. Sabemos que a Ucrânia tem muitos problemas com instituições, com justiça, mesmo corrupção, mas do lado do jornalismo independente na Ucrânia, vamos cobri-la, vamos lutar contra condutas erradas. E faremos tudo o que for possível porque isto é uma espécie de trabalho de casa da nossa geração, da minha geração. Apenas pelo direito de os meus filhos viverem como um país europeu sem ameaças do lado russo."

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