EUA impõem sanções contra responsáveis eritreus

Departamento do Tesouro norte-americano afirmou que o responsável pelas forças de defesa da Eritreia foi sancionado por liderar uma entidade acusada de "atos grosseiros".

Os Estados Unidos da América (EUA) impuseram esta segunda-feira novas sanções devido ao conflito na província etíope de Tigray, quando centenas de milhares de pessoas se encontram em situação de fome devido a uma alegada limitação à ajuda humanitária.

Num comunicado, o Departamento do Tesouro norte-americano afirmou que Filipos Woldeyohannes, responsável nas forças de defesa da Eritreia, foi sancionado por liderar uma entidade acusada de "atos grosseiros", incluindo massacres, agressões sexuais generalizadas e execução de crianças, segundo a agência Associated Press (AP).

O comunicado insta novamente a Eritreia a retirar os seus soldados de Tigray de forma permanente. O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo de Tigray (TPLF, na sigla em inglês), o partido eleito e no poder no estado.

O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF, partido que controlou a Etiópia durante quase 30 anos.

Em 28 de junho, Adis Abeba anunciou um cessar-fogo unilateral, aceite, em princípio, pelas forças de Tigray. No entanto, os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.

De acordo com testemunhas citadas pela AP, entre os abusos estão violações em massa, destruição de centros de saúde ou queima de colheitas.

Na declaração emitida esta segunda-feira, os Estados Unidos acusaram as forças de defesa eritreias de terem disparado "propositadamente contra civis nas ruas e efetuado buscas sistemáticas de casa em casa", executando homens e rapazes e expulsando famílias de Tigray das suas próprias casas.

No início do ano, Washington tinha já assinalado que estava a perder a paciência com a Etiópia, o segundo país mais populoso de África, chegando a suspender milhões de dólares em ajuda a um aliado-chave da segurança na região do Corno de África.

Em resposta, a Eritreia rejeitou as sanções dos EUA, apelidando-as de "totalmente infundadas" e de serem uma "chantagem expressa" contra Filipos Woldeyohannes.

No último mês, os conflitos alastraram-se para as regiões vizinhas de Afar e Amhara. As organizações de ajuda humanitária queixam-se que, apesar do cessar-fogo, o acesso continua limitado, sendo constrangido pela insegurança e por bloqueios administrativos.

Em 01 de junho, o Programa Alimentar Mundial advertiu que um total de 5,2 milhões de pessoas, mais de 90% da população de Tigray, necessita de assistência alimentar de forma urgente devido ao conflito.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 100 mil crianças poderão sofrer de desnutrição aguda potencialmente mortal durante os próximos 12 meses - 10 vezes a média anual.

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