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A decisão estava marcada para o final da tarde deste sábado. Mark Rutte, o primeiro-ministro dos Países Baixos, assumiu-se "triste", mas convicto da necessidade da medida que estava prestes a anunciar ao país. E não havia margem para grandes tempos. A medida, mais do que necessária, era urgente. Por isso, o confinamento geral nos Países Baixos é uma realidade já a partir deste domingo.
Não é uma realidade nova. Mas é uma realidade que ninguém queria voltar a viver. Sofia Soares vai voltar a vivê-la na primeira pessoa. Está com o marido há nove anos em território holandês e não se mostra surpreendida. À TSF, esta portuguesa, residente em Haia, explica que foi uma decisão já previsível. "Verdade seja dita: aqui não usamos máscaras nas ruas, não mantemos a distância. E com os números a aumentar nos hospitais já era previsível", admite. O único lado surpreendente do anúncio feito pelo governo está no facto da medida ter efeitos imediatos.
Sofia Soares não está surpreendida com a decisão do governo dos Países Baixos

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O número de visitas que os holandeses podem receber em casa, fora do agregado familiar, passa a estar reduzido. Os holandeses podem receber apenas duas pessoas em casa, número que só sobe para uma exceção de quatro pessoas no dia de Natal.
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A quadra natalícia é, por tradição, altura de rumar a Portugal para visitar a família. Este ano, já estava há muito definido por casa que as palavras de ordem continuariam a ser contenção e responsabilidade. Quanto a isso, o confinamento agora decretado em nada veio mudar os planos do casal.
"O nosso Natal já estava planeado acontecer sem muita gente. Já tínhamos planeado ter uma apenas uma amiga connosco", conta. Há muito estava também fora dos planos a ideia de vir ao país natal por esta altura. "Somos muito conscientes e sabemos que a situação não está fácil em nenhum dos países. Não queremos transmitir o vírus aos nossos pais ou ao resto da família. Então já tínhamos decidido que este seria um Natal mais recatado em casa."
Sofia Soares conta à TSF como vai ser o seu Natal, tendo em conta que não vai poder vir passá-lo a Portugal
Na prática, o que é que muda na vida de Sofia? "Não muda muito, porque já estava em teletrabalho há muito", descreve a portuguesa. Na verdade, o teletrabalho já era uma realidade desde o início da pandemia. Mas continuava a existir a possibilidade de ir trabalhar ao escritório.
Por agora, um anúncio ainda mais restrito da entidade empregadora deve estar por dias. "Estamos à espera de uma comunicação a qualquer momento da empresa a anunciar o fecho dos escritórios." A empresa onde trabalha, ligada ao alojamento turístico, tem cerca de 13 escritórios só na capital do país. Neste momento, apenas dois estavam abertos. "Agora devem fechar", antecipa. "E já sabemos que vamos continuar assim, pelo menos até ao final de 2022."
Este é, definitivamente, um domingo atípico para os holandeses. Mas nas ruas, pelo menos em Haia, vive-se o espírito típico de um domingo e continuam as rotinas de quem vive junto à praia. "É um domingo tranquilo", resume Sofia.
Em cima da mesa está, por enquanto, um confinamento geral com data marcada até 14 de janeiro. De quase dois anos de pandemia, os prognósticos de Sofia Soares não deixam antever grande otimismo. " No ano passado entrámos em confinamento antes do Natal, que durou até março. Por isso, não tenho grande esperança que as coisas a partir daí voltem a melhorar." Só a evolução da Covid-19 no país pode provar se as expectativas de Sofia vão no sentido certo.
Sofia Soares descreve o ambiente que se vive na cidade de Haia depois do decreto deste confinamento
