- Comentar
Termina esta sexta-feira a campanha para as eleições presidenciais em França. Os eleitores vão às urnas no domingo, para a primeira volta, com as incertezas a serem a grande certeza nestas eleições. O atual presidente, Emmanuel Macron, continua a liderar as intenções de voto, mas a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, que divide o espaço ideológico com outro candidato, Éric Zemmour, continua a aproximar-se. Ao todo os franceses vão ter de escolher entre 12 candidatos.
Relacionados
Luísa Semedo, conselheira das comunidades portuguesa em França, considera que "houve muito pouca campanha com o principal ator da campanha, Emmanuel Macron". O atual presidente do partido Em Marcha!, que lidera as sondagens com cerca de 27%, teve de "gerir o facto de ser presidente neste momento da União Europeia, de gerir os telefonemas para o Putin". A conselheira nota que "os outros adversários queixaram-se de não poderem falar e debater com Macron".
Num segundo plano das intenções de voto está Marine Le Pen, a candidata pelo Reagrupamento Nacional, partido de extrema-direita, tem colhido, nas mais recentes sondagens, entre 22 e 23% das intenções de voto, a apenas 3 pontos percentuais de Macron. Para Luísa Semedo, há um "claro efeito Putin", já que Le Pen, que durante anos defendeu e esteve ao lado do presidente Russo em vários temas, tem agora um concorrente ainda mais à direita. Éric Zemmour, candidato pelo Reconquête, "está a ser o mais prejudicado" pela proximidade a Putin e faz "com que Le Pen pareça uma moderada".
"Estão sempre a aparecer vídeos dele [Zemmour] a dizer que gostaria que houvesse um Putin francês. Ninguém acredita na sua honestidade quando ele agora começa a distanciar-se de Putin", considera Luísa Semedo.
Mas não está a ser um caminho fácil para Le Pen, a conselheira afirma que a candidata "tem derrapagens e (...) disse há alguns dias que deveria falar de novo com Putin, acabando depois por voltar atrás quando viu que estava a causar escândalo". São sinais que evidenciam um ziguezague na candidata e que fazem Luísa Semedo afirmar que "ninguém acredita mesmo a 100% que ela abriu mesmo os olhos em relação ao presidente russo".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
"Marine Le Pen começa a ganhar o voto útil na extrema-direita", antecipa a conselheira
Perante este cenário, Luísa Semedo frisa que "Macron ganhou com esta questão", mas nem tudo está a correr bem, já que durante o seu mandato teve a contas os protestos dos coletes amarelos e, mais recente, o caso da McKingsey. "Um gabinete, ao qual foram pedidos estudos por muito dinheiro e que não pagou impostos em França", relembra.
Luísa Semedo observa que "Para alguns Le Pen parece mais simpática que Zemmour"
Por causa de Putin, ou não, Zemmour tem andado longe dos três primeiros lugares. As últimas sondagens dão ao candidato no máximo 9%.
No espetro da esquerda emerge Jean-Luc Mélenchon, do partido França Insubmissa. O político de 70 anos pode colher algum voto útil, no meio da disputa entre Macron e Le Pen, é o que considera Luísa Semedo. A conselheira diz que pode haver uma votação expressiva no candidato, como forma de fugir aos dois candidatos que provavelmente ganharão. O objetivo, acrescenta, seria tentar retirar Le Pen de uma segunda volta e colocar, nesse lugar, Mélenchon. As mais recentes sondagens dão ao candidato 17% das intenções de voto, a 5 pontos percentuais de Le Pen.
A conselheira diz que há sondagens que dão Le Pen como vencedora na segunda volta
É esperado que a abstenção seja elevada. Uma sondagem da fundação Jean Jaurès e do jornal vespertino Le Monde, publicada esta quinta-feira, indica que "um em três eleitores prefere não votar nas presidenciais francesas". Luísa Semedo confessa que não sabe quem poderá beneficiar com a abstenção, mas tem uma certeza: "A democracia não vai ajudar."
Quando ao desfecho destas eleições, Luísa Semedo antecipa "que provavelmente será Mácron a ficar em primeiro lugar, com Le Pen em segundo lugar". Se este cenário se confirmar, as eleições francesas passarão por uma segunda volta entre os dois candidatos mais votados, já agendada para dia 24 deste mês. Esta possibilidade será a mais realista, já que, a ver pelas mais recentes sondagens, nenhum dos candidatos reúne mais de metade das intenções de voto (50%), o que chegaria para que se soubesse o nome do presidente na primeira volta.
A primeira ronda de eleições está marcada para este domingo.