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O "empenho" e a "proximidade humana" de um "europeu convicto" são nesta terça-feira lembrados por eurodeputados portugueses, que lamentam a morte, aos 65 anos, de David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu. Somam-se também manifestações de apreço e de pesar por parte de vários dirigentes europeus, que o lembram como um homem "íntegro e amável", um "grande europeu e italiano orgulhoso".
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Em declarações à TSF, Paulo Rangel, eurodeputado do PSD, descreve David Sassoli como alguém fortemente humanista. "Distinguia-se essencialmente pelo seu tato humano. Era um homem de uma delicadeza pessoal, de uma atenção realmente fora do comum..."
"Uma figura muito consensual", David Sassoli, o jornalista que se tornou líder do Parlamento Europeu, era "alguém que tinha convicções humanistas profundas", que demonstrava um grande europeísmo e um gesto de proximidade humana, salienta Rangel. "Admito que muitos deputados só o conheceram bem já depois de ele ser presidente, mas essa impressão confirmou-se por completo."

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Paulo Rangel lembra que a pandemia marcou o mandato de David Sassoli, à frente do Parlamento Europeu, o que lhe causou algum desalento. "Ele tinha uma pena enorme, nestes dois últimos anos, em especial, por ter o seu mandato muito afetado pela pandemia. Teve de tomar decisões muito difíceis."
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O eurodeputado social-democrata admite que uma crise sanitária "descaracteriza imenso o trabalho no Parlamento", e que Sassoli "via com uma certa amargura" o mandato dominado e prejudicado pela necessidade de adaptação.
Paulo Rangel fala de uma "certa amargura" deixada pelos últimos dois anos de pandemia.
Numa mensagem na rede social Twitter, Paulo Rangel também disse que David Sassoli, "o presidente europeísta e humanista, era um colega atento, humano".
"O homem da comunicação e da cultura, sempre pronto a fazer pontes. A Europa perdeu um europeísta, nós perdemos um amigo", escreveu Paulo Rangel.
David Maria Sassoli. O Presidente europeísta e humanista. O colega delicado, atento, humano. O homem da comunicação e da cultura, sempre pronto a fazer pontes. A Europa perdeu um europeísta, nós perdemos um amigo. @Europarl_PT @EPPGroup @Europarl_EN @TheProgressives @EPP @ppdpsd
José Gusmão, por outro lado, rememora o líder entre os eurodeputados como uma pessoa que "claramente acreditava nesse papel, na importância do Parlamento Europeu".
Ouça as declarações de José Gusmão.
"Eu diria que o traço mais distintivo da forma como ele atuou foi um empenho em conseguir que o Parlamento Europeu tivesse o máximo de centralidade no funcionamento da União Europeia, no funcionamento das instituições europeias", sublinha o eurodeputado do Bloco de Esquerda, que encara David Sassoli como um um europeu convicto, que acreditava que era para a União Europeia indispensável um Parlamento Europeu muito "atuante" e que tivesse uma "grande centralidade".
Ouça o trabalho da jornalista Cristina Lai Men, sobre a biografia de David Sassoli.
As reações à morte do jornalista que se tornou uma figura incontornável do europeísmo não demoraram a surgir. Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, já se confessou "sem palavras" perante este óbito, e realçou que a "amabilidade era uma inspiração para todos os que o conheciam".

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A comissária portuguesa Elisa Ferreira manifestou uma "profunda tristeza por uma perda prematura" de um "homem de princípios e integridade, uma voz liberal do jornalismo e da política, um construtor de pontes, um grande europeu".
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, "triste" e emocionado, revelou já sentir "falta do seu sorriso".

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Já o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, chamou à memória um "amigo progressista e defensor dos valores europeus, que, nos últimos anos, trabalhou arduamente por uma UE mais unida durante a pandemia".
O vencedor do Prémio Sakharov 2017, o venezuelano Lorent Saleh, desta Sassoli não apenas como "um jornalista extraordinário", mas como alguém que, "à frente do Parlamento Europeu, defendeu com muita firmeza os direitos humanos em todo o mundo".
"Foi uma pessoa muito comprometida com a paz, com o progresso e com os direitos humanos. Tive a honra de o conhecer e de trabalhar com ele e foi muito o que com ele aprendi. Resta-me honrar a sua memória, com lealdade à causa da paz, do progresso e dos direitos humanos", destaca o ativista.
O presidente do Parlamento Europeu morreu esta terça-feira, com 65 anos, após mais de duas semanas num hospital em Itália, devido a uma disfunção do seu sistema imunitário.
David Sassoli contraiu uma pneumonia em setembro de 2021, o que o obrigou a receber tratamento hospitalar em Estrasburgo, França, e, embora tenha recebido alta hospitalar uma semana depois, prosseguiu a recuperação em Itália e esteve mais de dois meses ausente das sessões plenárias do Parlamento, regressando no final do ano.

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