Gentiloni admite "certa quantidade de otimismo e até de orgulho" perante a "recuperação"

Os ministros das Finanças da Zona Euro estiveram reunidos até ao início da tarde, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

O Eurogrupo terminou em Lisboa num ambiente de "otimismo" faz aos "progressos" quer em termos sanitários, quer a nível económico, dado o "alívio de medidas".

Os ministros saem do encontro ainda sem um horizonte para o levantamento das medidas de ajuda à economia, e com "um caminho a percorrer" ao nível da recuperação, como relatou o presidente do Eurogrupo Pascal Donohoe. Embora cauteloso, o irlandês também se mostra otimista perante uma recuperação "diferente" da que esperavam no ano passado.

"Fizemos progressos com a aceleração dos programas de vacinação, fizemos progressos com o desenvolvimento do programa Sure, e através das decisões económicas acertadas na zona euro, pelos ministros das Finanças, apoiados pelo trabalho da presidente Lagarde e do nosso Banco [Central]", disse Donohoe, antes de passar a palavra ao comissário Paolo Gentiloni.

O italiano que coordena a pasta da Economia, em Bruxelas, reconheceu até "uma certa quantidade de otimismo e até de orgulho, com as decisões tomadas no ano passado", ao constatar a forma como a pandemia e a economia tem evoluído, nomeadamente "em Portugal", com as "campanhas de vacinação, e a melhoria da situação sanitária".

"Na realidade, à medida que a vacinação acelera, as medidas restritivas estão a ser aliviadas e a atividade económica está a ganhar ritmo", disse o comissário, apontando, porém, que a recuperação não será a todos os níveis e "continuará a haver sequelas no mercado de trabalho".

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde acredita que a economia europeia vai atingir "os níveis pré-pandemia", já no próximo ano. Mas, afirma que "esta recuperação continua incerta. Vai deixar marcas, do ponto de vista setorial, [e] de um ponto de vista dos países. E, vamos de certeza ver divergências neste processo de recuperação".

"Acreditamos que os números da inflação em 2021, que veremos subir, são de uma natureza temporária e dependem de fatores temporários", disse a presidente do BCE, admitindo que "de um ponto de vista da política, deveremos ultrapassar esse período de maior inflação, porque os fatores por detrás, os fundamentos, certamente não estão lá para que assumamos e prevejamos que a inflação irá manter-se".

A presidente do BCE considera que a "coordenação a nível europeu" de medidas de política orçamental, como por exemplo a suspensão da austeridade, são o caminho para a recuperação.

"Vamos continuar essa caminhada, com políticas económicas que estão a ajudar a recuperação das nossas economias, e com um programa de vacinação que dia após dia, semana após semana, está a ajudar as nossas sociedades a restabelecerem a saúde", afirmou o presidente do Eurogrupo.

Ainda sem um horizonte para levantar as medidas de ajuda, os ministros das finanças da zona euro destacam a eficácia dos programas de vacinação, e o impacto do alívio de medidas restritivas, na recuperação das economias europeias.

No mais recente boletim macroeconómico da primavera, apresentado já este mês, Bruxelas estima que a economia portuguesa "deverá crescer novamente a partir do segundo trimestre de 2021", considerando o "levantamento gradual" das medidas para conter a pandemia, mas está agora menos otimista, relativamente à estimativa de fevereiro.

No início deste ano, Bruxelas estimava que a economia crescesse 4,1 em 2021, mas no boletim macroeconómico da primavera, a Comissão Europeia aponta para um crescimento de 3,9%, apesar de já ter em conta o impacto das medidas do Plano de Recuperação e Resiliência na economia. A Comissão admite, porém, que "em meados de 2022", já tenha sido possível "atingir os níveis pré-pandemia".

"A recuperação económica e a redução das medidas de apoio", deverão ter um impacto na diminuição da dívida pública. Depois do "máximo histórico" atingido em 2020, "as finanças públicas deverão melhorar gradualmente em 2021 e 2022", calculam os especialista da Comissão Europeia.

Bruxelas faz as contas ao impacto económico do confinamento no início do ano, e calcula que as medidas para conter a vaga de Covid-19, que se seguiu às festividades do Natal, tiveram um impacto de 3,3% do PIB, no primeiro trimestre do ano. Ainda assim, um impacto "muito menor do que o registado de Março a Junho" do ano passado, quando foi decretado o primeiro confinamento.

"As empresas e os consumidores adaptaram-se, até certo ponto, às restrições, ajudados por uma nova onda de apoio estatal", para a proteção do emprego e do rendimento", refere a Comissão, salientando que do lado da indústria "as cadeias de abastecimento (...) também permaneceram amplamente resilientes durante o novo bloqueio".

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