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Um ministro brasileiro negou na quarta-feira irregularidades nas negociações da compra da vacina contra a Covid-19 Covaxin, acusou o deputado que revelou o caso de "mentir" e informou que o funcionário que fez a denúncia será investigado.
Em conferência de imprensa em Brasília, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, acusou o deputado da base aliada do Governo Luis Claudio Miranda de "traição" e de "mentir" sobre o contrato para a compra da vacina indiana Covaxin.
Onyx afirmou ainda que o Presidente, Jair Bolsonaro, determinou a abertura de um inquérito para investigar "as atividades" do funcionário do Ministério da Saúde Luis Ricardo Fernandes Miranda, além das declarações do seu irmão, o deputado Luis Claudio Miranda.
"O Presidente da República determinou (...) que a Polícia Federal abra uma investigação sobre as declarações do deputado Luis Claudio Miranda, sobre as atividades do seu irmão, funcionário público do Ministério da Saúde, e sobre todas essas circunstâncias expostas", declarou Onyx.
"Deus está vendo, mas o senhor [deputado Miranda] não vai entender-se só com Deus, vai se entender com a gente também. (...) o senhor vai pagar pela irresponsabilidade, mau caráter, pela má-fé, pela denúncia caluniosa, pela produção de provas falsas", disse, em tom de ameaça.
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Em causa estão revelações feitas no início da semana pelo jornal Estado de S.Paulo que, após ter acesso a documentos do Ministério das Relações Exteriores, noticiou que o Governo brasileiro comprou a Covaxin por um preço 1000% mais caro do que, seis meses antes, era anunciado pelo fabricante.
Após identificar indícios de crime no contrato de aquisição da vacina, o Ministério Público iniciou uma investigação à compra pelo Governo federal.
Já na quarta-feira, o deputado federal Luis Claudio Miranda afirmou que Bolsonaro foi alertado para as supostas irregularidades no contrato de compra da vacina indiana Covaxin.
"No dia 20 de março fui pessoalmente, com o servidor da Saúde que é meu irmão, e levámos toda a documentação para ele [Bolsonaro]", declarou ao jornal Folha de S. Paulo o deputado da base aliada do Governo e irmão de Luis Ricardo Fernandes Miranda, um funcionário do Ministério da Saúde que relatou ao Ministério Público ter sofrido pressões atípicas para assinar o contrato de compra deste medicamento.
Contudo, o ministro Onyx Lorenzoni negou qualquer irregularidade e garantiu que há "graves suspeitas" de que os documentos que o deputado afirmou ter entregado a Bolsonaro "foram falsificados"
"São mentiras para tentar afetar a imagem do Governo Bolsonaro. Não houve favorecimento a ninguém, não houve sobrepreço e não houve compra alguma, não há nenhum centavo de dinheiro público que tenha sido gasto nesse contrato", disse o ministro.
Segundo o Governo, o contrato com a empresa que produz a Covaxin tinha uma cláusula que só previa o pagamento quando a vacina tivesse aprovação do órgão regulador brasileiro e, por isso, ainda não foi pago nenhum valor, apesar de já ter sido dada a aprovação com restrições ao fármaco.
O ministro afirmou ainda que será feito um pedido para que os irmãos sejam investigados por denúncia caluniosa e fraude processual, e que o funcionário do Ministério da Saúde seja investigado por prevaricação.
Após as declarações do ministro, o deputado considerou que foi ameaçado por Onyx Lorenzoni.
"Fui ameaçado com a intenção clara de coagir as testemunhas, que somos eu e meu irmão. Ali ficou claro que a intenção dele [Onyx] é de nos coagir para que fiquemos calados e não tenhamos coragem de continuar", afirmou Miranda ao jornal Metrópoles.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 507.109 vítimas mortais e mais de 18,1 milhões de casos confirmados de Covid-19.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.884.538 vítimas mortais em todo o mundo, resultantes de mais de 179 milhões de casos de infeção diagnosticados oficialmente, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
