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Há precisamente 80 anos Aristides Sousa Mendes desobedecia a Salazar e, durante três dias, concedia milhares de vistos. O diplomata que salvou 30 mil judeus é o mais conhecido dos salvadores portugueses, mas não foi caso único. O Projeto Nunca Esquecer, lançado pelo Governo para preservar a memória do Holocausto, está na origem da publicação de três livros de bolso para homenagear portugueses que ajudaram a salvar milhares de vidas do Holocausto.
Dois desses livros serão apresentados esta quinta-feira. Em entrevista à TSF, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, considera que "é muito importante divulgarmos com suficiente amplitude estes exemplos, os exemplos destes salvadores, e nada melhor do que pedir a historiadores que têm estudado estes assuntos que fizessem pequenos livros de bolso de divulgação, dirigidos ao grande público".
"É o caso do operário português Brito Mendes, emigrado em Paris, que salvou a filha de uma família de judeus polacos que acabou por ser vítima do Holocausto. Foi a intervenção de Brito Mendes e da sua mulher que salvou a vida da criança", detalha o governante.
Ouça a entrevista de Rui Polónio com Augusto Santos Silva, na íntegra.
A publicação é por conta da Imprensa Nacional Casa da Moeda. Para esta quinta-feira, está ainda marcado o lançamento de um terceiro livro sobre as vítimas portuguesas do regime nazi. "São portugueses que estiveram presos ou em campos de trabalhos forçados ou em campos de concentração e em campos de extermínio", elenca o ministro. "Conhecemos dezenas que perderam a vida nesse sistema nazi, e daí que o terceiro livro que apresentamos hoje divulgue sistematicamente os resultados deste processo."
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Fernando Rosas tinha sugerido que os nomes dessas 70 vítimas fossem publicados em Diário de Governo. Santos Silva garante que é uma iniciativa que está prevista, e que foi acolhida "com entusiasmo" a sugestão de Fernando Rosas, cuja equipa está "sistematicamente" a ajudar no inventário. "Precisamos de homenagear todas estas nossas vítimas do sistema concentracionário", reconhece Augusto Santos Silva.
As edições integram o Projeto Nunca Esquecer - um Programa Nacional em torno da Memória do Holocausto, que vai durar até ao fim do ano. De acordo com o ministro, este projeto "organiza-se em torno de quatro eixos fundamentais: um de divulgação, outro de evocação - com vários trabalhos junto das escolas, de preservar a memória do Holocausto e de promover o ensino do Holocausto -, uma dimensão de conhecimento, e uma das atividades mais importantes do projeto foi a realização de um programa para financiar investigações sobre este período, e tem uma dimensão de reconhecimento institucional e de homenagem".
Os diplomatas que desobedeceram a Salazar vão ser também homenageados com a emissão de seis selos.