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Sem água potável, sem comida e sem assistência humanitária. É assim que um grupo de 20 a 30 afegãos tem vivido nas últimas semanas na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia, onde já foram também sujeitos a repressão violenta por parte das autoridades polacas. A situação já denunciada pela Amnistia Internacional é contada pelo jornal The Guardian.
Fugiram dos taliban e agora encontraram outro pesadelo. Sobrevivem bebendo água suja de um riacho, sem comida regular nem médicos. Estão numa terra de ninguém, tanto do ponto de vista metafórico, como literal.
À TSF, Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional, descreve o percurso destes afegãos. "Passaram a Bielorrússia, entram na Polónia e aí são impedidos de seguir adiante."
Ouça as declarações de Pedro Neto, diretor executivo da Amnistia Internacional, ao jornalista Hugo Neutel
Numa retaliação à Europa, o presidente bielorrusso Lukashenko terá atraído refugiados para o país com a promessa de os deixar entrar no Espaço Schengen, mas agora nem a Polónia os deixa entrar, nem conseguem voltar para trás.
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"Estão ali sem acesso a ninguém, tivemos notícias de que houve inclusivamente violência policial por parte da guarda fronteiriça da Polónia. Eles não têm tido acesso nem a advogados, nem a cuidados de saúde, nem a defensores de direitos humanos que os possam ajudar ou dar-lhes assistência e, portanto, estão num limbo, completamente abandonados", adianta Pedro Neto, sublinhando que "fugiram de uma situação dramática no seu país de origem e, em vez de encontrarem um abrigo e um asilo, encontram a segunda parte de um pesadelo que não parece ter fim".
O diretor executivo da secção portuguesa da Amnistia Internacional lamenta que ninguém os aceite. "Estão aqui num intermédio, num limbo, sem poder avançar, nem recuar com a sua vida, sendo que também estão presos em espaço terrestre e sem meios de avançar para outro país terceiro", afirma.
A Amnistia Internacional pediu à Polónia que lhes dê assistência humanitária e aceite o pedido de asilo destes refugiados, onde estão incluídas mulheres e crianças.