Kiev quer modelo próprio de neutralidade e garantias de segurança

Rússia sugeriu que Ucrânia adotasse modelo da Suécia ou da Áustria, países europeus que têm os seus próprios exércitos, mas não são membros da NATO.

A Rússia pretende um estatuto de neutralidade para a Ucrânia semelhante ao austríaco ou sueco, mas as autoridades de Kiev responderam que o modelo "só pode ser 'ucraniano'" e exigiram garantias de segurança em caso de agressão.

O porta-voz do Kremlin (Presidência russa), Dmitri Peskov, disse, esta quarta-feira, que "o modelo austríaco ou sueco de um Estado desmilitarizado está a ser discutido para a Ucrânia e pode ser visto como uma opção para um compromisso", segundo as agências noticiosas russas.

A Áustria e a Suécia são dois dos países europeus que têm os seus próprios exércitos, mas não são membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

A Ucrânia inscreveu na sua Constituição o objetivo de aderir à NATO, bem como à União Europeia (UE), mas o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já se manifestou disponível para o país renunciar à entrada na Aliança Atlântica.

Face às declarações do lado russo, o chefe da delegação ucraniana, o conselheiro presidencial Mykhailo Podoliak, rejeitou um estatuto de neutralidade para a Ucrânia com base nos modelos da Áustria ou da Suécia.

"A Ucrânia encontra-se agora num estado de guerra direta com a Rússia. Portanto, o modelo só pode ser 'ucraniano'", disse Podoliak em comentários divulgados hoje pela Presidência ucraniana e citados pela agência francesa AFP.

Podoliak disse também que a Ucrânia quer "garantias de segurança legalmente certificadas" contra a Rússia da parte de outros países, que não especificou.

Essas garantias devem constar de "um novo acordo", cujos Estados signatários se comprometerão a intervir do lado da Ucrânia em caso de agressão.

"Isto significa que os signatários das garantias não ficarão de lado no caso de um ataque à Ucrânia, como acontece atualmente, mas tomarão parte ativa no conflito ao lado da Ucrânia", disse Podoliak.

Os signatários devem também fornecer imediatamente à Ucrânia as armas necessárias para enfrentar uma agressão externa, referiu.

Segundo Podoliak, a Ucrânia pretende também o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea no caso de uma ofensiva contra o seu território, que foi recusada pela NATO para enfrentar a invasão russa.

Em declarações à agência oficial russa TASS, o chefe dos negociadores de Moscovo, o conselheiro presidencial Vladimir Medinsky, confirmou que a Rússia propôs criar na Ucrânia uma versão austríaca ou sueca de um Estado desmilitarizado com o seu próprio exército.

"Precisamos de uma Ucrânia pacífica, livre, independente, neutra - não um membro de blocos militares, não um membro da NATO -, um país que é nosso amigo, um vizinho com o qual estamos a desenvolver relações em conjunto, a construir o nosso futuro, e que não é um trampolim para ataques militares e económicos contra o nosso país", justificou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, também disse hoje que a neutralidade da Ucrânia está no centro das negociações.

"É isto que está a ser discutido nas negociações, existem fórmulas muito concretas que penso que estão próximas de um acordo", disse Lavrov à televisão russa RBK.

As duas partes deverão retomar esta quarta-feira a sessão negocial que iniciaram na segunda-feira, por videoconferência, para tentar terminar a guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro.

A guerra na Ucrânia, que entrou no 21.º dia, provocou um número ainda por determinar de mortos e feridos, bem como mais de três milhões de refugiados.

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