Kiev tem indícios de envolvimento russo em cibertaque. EUA avisam Rússia quanto a consequências

Os EUA ofereceram apoio a Kiev enquanto investigam o impacto da pirataria informática e recuperam os serviços afetados.

Os Estados Unidos avisaram este sábado a Rússia de que "haverá um custo" se se confirmar o seu envolvimento num ciberataque contra a Ucrânia, que as autoridades ucranianas disseram ter uma "impressão digital russa".

O aviso foi feito por uma alta funcionária da Administração do Presidente Joe Biden, segundo a agência de notícias espanhola EFE, que não a identifica.

A fonte não especificou qual será o custo, dizendo apenas que os EUA o imporão em coordenação com os seus aliados.

Disse que os EUA não conseguiram confirmar a autoria do ciberataque, que terá tido um impacto limitado, uma vez que as informações recebidas são no sentido de que muitos dos 'sites' pirateados estão a regressar ao funcionamento normal.

A Ucrânia denunciou este sábado um ciberataque em 70 'websites' governamentais, incluindo do Ministério dos Negócios Estrangeiros e dos serviços de emergência.

A fonte da Administração norte-americana citada pela EFE disse que os EUA ofereceram apoio a Kiev enquanto investigam o impacto da pirataria informática e recuperam os serviços afetados.

Também saudou o desmantelamento pela Rússia do grupo de piratas informáticos REvil, um dos mais temidos do mundo, que efetuaram vários ataques contra alvos nos EUA nos últimos meses.

"Sabemos que um dos indivíduos que foi preso hoje [pela Rússia] foi responsável pelo ataque ao oleoduto Colonial", disse a fonte.

Acrescentou que os EUA continuam empenhados em levar à justiça aqueles que estão envolvidos em ciberataques contra alvos norte-americanos.

"Quero ser muito clara que, na nossa mente, isto não está relacionado com o que se passa com a Rússia e a Ucrânia", disse a mesma fonte, citada pela EFE.

Um porta-voz ucraniano disse que o Serviço de Segurança da Ucrânia obteve "pistas preliminares que sugerem que grupos de 'hackers' [piratas informáticos] associados aos serviços secretos russos podem estar por detrás do ataque cibernético".

O ciberataque denunciado pelas autoridades ucranianas ocorreu numa altura de elevada tensão na fronteira da Ucrânia com a Rússia.

Nos últimos meses, a Rússia colocou mais de cem mil soldados e armamento pesado na fronteira com a Ucrânia, suscitando acusações de Kiev e do Ocidente de que está a preparar um ataque ao país vizinho.

Um ataque informático em grande escala contra as infraestruturas estratégicas da Ucrânia, a fim de perturbar as autoridades, é um dos cenários mencionados como um possível prenúncio de uma ofensiva militar clássica.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, referiu-se ao ciberataque na Ucrânia, alertando na sua conferência de imprensa diária que os EUA tomarão as "medidas necessárias" para defender Kiev, embora não tenha responsabilizado a Rússia como responsável pela sabotagem informática.

A crise na fronteira da Ucrânia foi alvo de conversações, esta semana, da Rússia com os Estados Unidos, com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) e com a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE

O Governo da Ucrânia disse ter "pistas preliminares" que indicam um possível envolvimento dos serviços secretos russos no ciberataque contra vários dos seus ministérios.

"O serviço de segurança obteve pistas preliminares que sugerem que grupos de 'hackers' [piratas informáticos] associados aos serviços secretos russos podem estar por detrás do ataque cibernético massivo de hoje", escreveu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Oleg Nikolenko, na rede social Twitter, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

De acordo com uma declaração do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, na sigla em ucraniano), os ataques visaram 70 'sites' governamentais.

Dez dos 'sites' foram objeto de "interferência não autorizada", disse o SBU, assegurando que o "conteúdo não foi modificado nem foram divulgados dados pessoais".

Vários 'sites' do Governo ucraniano foram hoje alvo de um ataque cibernético no meio de tensões entre a Ucrânia e a Rússia, que Kiev e o Ocidente acusam de estar a preparar uma invasão do país vizinho.

Os 'websites' de várias agências governamentais, incluindo do Ministério dos Negócios Estrangeiros e dos serviços de emergência, estiveram inacessíveis ao longo do dia, segundo a AFP.

Antes de o 'site' do Ministério dos Negócios Estrangeiros ter ficado inacessível, os autores do ataque colocaram uma mensagem na página principal em ucraniano, russo e polaco.

"Ucranianos, tenham medo e preparem-se para o pior. Todos os vossos dados pessoais foram carregados na 'web'", lia-se na mensagem, de acordo com a AFP.

A mensagem era acompanhada de vários logótipos, incluindo uma bandeira ucraniana com uma cruz.

Um ataque informático em grande escala contra as infraestruturas estratégicas da Ucrânia, a fim de perturbar as autoridades, é um dos cenários mencionados como um possível prenúncio de uma ofensiva militar clássica.

A Ucrânia tem sido repetidamente alvo de ataques cibernéticos atribuídos à Rússia nos últimos anos, incluindo em 2017, contra várias infraestruturas críticas, e em 2015, contra a sua rede de eletricidade.

Depois de ter integrado a antiga União Soviética, a Ucrânia tornou-se independente em 1991, após a dissolução do bloco controlado por Moscovo.

Em 2014, na sequência da Revolução Laranja que levou ao afastamento do presidente pró-Moscovo Viktor Yanukovych, a Rússia invadiu e anexou a península ucraniana da Crimeia.

Desde então, Moscovo tem alegadamente patrocinado uma guerrilha na região industrial de Donbass, no leste da Ucrânia, que já provocou mais de 13 mil mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo dados da ONU.

Nos últimos meses, a Rússia colocou mais de cem mil tropas e armamento pesado junto à fronteira com a Ucrânia, suscitando o receio em Kiev e nos países ocidentais de um novo ataque contra o país, uma intenção negada por Moscovo.

A crise na fronteira da Ucrânia foi alvo, esta semana, de conversações separadas da Rússia com os Estados Unidos, com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) e com a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).

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