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O eurodeputado Pedro Marques mostra-se preocupado com a ascensão da extrema-direita ao poder em Itália. O socialista acusa a direita tradicional de normalizar estes partidos antidemocráticos.
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"Infelizmente tem estado a acontecer em vários países da Europa à medida que as consequências da guerra chegam à vida das pessoas. Estes partidos de extrema-direita culpam os migrantes, as pessoas homossexuais, têm um discurso racista e xenófobo e, com isto, tem estado a captar eleitorado na base do sofrimento das pessoas", explicou à TSF Pedro Marques.
O eurodeputado socialista considera que, devido às coligações com a extrema-direita, a "direita tradicional é também responsável pela normalização da extrema-direita", referindo-se não só ao exemplo italiano, mas também ao sueco, ao português (nos Açores) e ao espanhol.
Ouça aqui as declarações de Pedro Marques à TSF
Pedro Marques avisa que a "retórica xenófoba" da extrema-direita contra os direitos das minorias deve ser "travada": "Temos valores europeus e regras europeias, e não podemos aceitar este tipo de retórica transformada em governação na Europa. Não aceitamos, certamente, que a Itália se junte agora ao senhor Orbán e mesmo ao governo polaco neste tipo de atitude."
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O eurodeputado socialista sublinha que as instituições europeias só devem aceitar governos democráticos e que respeitem as regras. Pedro Marques assume que a suspensão de fundos europeus pode ser uma solução caso Itália não respeite a integridade das regras comunitárias, algo que já aconteceu, por exemplo, com a Hungria e a Polónia.
Suspensão de fundos europeus?
"Vamos exigir da Comissão Europeia a fiscalização integral do cumprimento das regras europeias. Temos regras de condicionalidade europeia, mesmo para acesso aos fundos europeus, de condicionalidade do funcionamento do Estado de direito e essas regras vão ter de ser aplicadas", defende.
O socialista admite que as sanções impostas contra a Rússia e o impacto no custo de vida dos europeus podem ajudar a extrema-direita a chegar ao poder.
"O risco é real. Desde o início desta situação [a guerra na Ucrânia] que temos pedido no Parlamento Europeu e, entretanto, já conseguimos que a Comissão Europeia apresentasse essas propostas. Pedimos propostas que distribuam melhor o esforço para enfrentar esta guerra e que apoiem mais as famílias europeias em dificuldades", refere.
"Quando as famílias estão a sofrer mais, há sempre um risco real deste canto de sereia da extrema-direita, de conversa fácil e que culpa sempre os outros, os estranhos, os que vêm de fora e as minorias étnicas", sustenta.
De acordo com resultados parciais, a coligação de direita e extrema-direita - liderada pelo partido Irmãos de Itália e que reúne ainda a Liga, de Matteo Salvini, e o partido conservador Força Italia, de Silvio Berlusconi - obteve entre 44,16% dos votos nas legislativas.
O bloco de centro-esquerda, liderado pelo Partido Democrático, de Enrico Letta, deverá ter 26% dos votos.